São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Gênio de Glenn Gould escapa a biografia
INÁCIO ARAUJO
Melhor mesmo seria a tradução literal, que exprime melhor a idéia que organiza o filme: "Trinta e Dois Curtas para Glenn Gould". O interessante do filme é justamente seu conceito: em vez de usar a linha cronológica para falar de Glenn Gould, François Girard preferiu a lógica. Em 32 fragmentos, ali estão o gênio (temperamento) e a genialidade do pianista canadense. Este achado contesta a idéia de que a vida seja uma linha progressiva, habitualmente desenvolvida pelas biografias (não só as de cinema), e de que sua significação só assim possa se manifestar. Pode-se ir mais longe isolando certos fatos e trabalhando sobre eles. "Glenn Gould" tem um inconveniente, ao menos para quem não está familiarizado com a biografia (a cronológica) do pianista. Seu gênio e seus tormentos passam a nos parecer -poucos fragmentos depois- supérfluos, a darem conta mais do desejo do realizador em realizar um trabalho artístico, do que do compositor propriamente dito. Tendemos (ao menos uma parte do público) então a contar com alguma ansiedade quantos curtas estão faltando para chegar ao fim. Isso apesar de a trilha sonora ser sempre muito forte. Outro filme que tende a decepcionar é "2010 - O Ano em que Faremos Contato" (CNT/Gazeta, 22h). Apresentá-lo pomposamente como sequência de "2001", como se fez, talvez seja um erro imperdoável: assume-se, de cara, um tranco difícil de aguentar. Parte-se em busca da nave Discovery, mas parece que somos transportados à "Jornada nas Estrelas". Um baque e tanto. (IA) Texto Anterior: Bomba! Bomba! Deu pintado na brasa! Próximo Texto: Imagens; Briga; Piração espanhola; Investimento Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |