São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995
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Grupo estuda ação contra prefeitura

SILVIA DE MOURA
DA AGÊNCIA FOLHA

O grupo de torcedores do Santos que foi alvejado na madrugada de anteontem, após ter entrado por engano na favela Vila do João, no Rio, poderá entrar com ação na Justiça contra a prefeitura e contra o chefe de Polícia Civil do Rio, delegado Hélio Luz.
Flávio Lobão Raposo, 20, que estava em um dos carros metralhados, afirmou que alguns integrantes do grupo "conversaram" sobre essa possibilidade.
"A gente ainda não conseguiu se comunicar direito e definir o que vai acontecer", disse Lobão, que compareceu na tarde de ontem ao enterro de Ronaldo Mattos, 32, morto em consequência dos tiros.
Raposo disse que a morte marcou demais todo o grupo. "O que abalou mesmo a gente foi a morte do Ronaldo. O Eudes (Alecrim) já está quase bom, em alguns dias ele tira os curativos do braço."
O torcedor santista fez muitas críticas ao Rio. "Aquilo é um total absurdo. Não tem placa de sinalização, não tem polícia. Se o morador disse que a polícia não entra na favela depois da meia-noite, o que se pode esperar?".
Segundo Raposo, os torcedores foram ofendidos pelos policiais que os atenderam. "Eles disseram que estávamos mal-acostumados, que as coisas lá são assim mesmo. As viaturas são todas baleadas."
Quanto às declarações de Hélio Luz, que disse achar "estranho ter acontecido justamente num local que está sendo constantemente invadido por traficantes rivais", Raposo saiu na defesa do grupo.
"A gente sai de Santos para assistir a um jogo, se perde e ainda acham que a gente é traficante? A gente não estava armado. O fato de ter ex-PMs no grupo não quer dizer que ia acontecer uma batida. A gente nunca ia sair, sem armas, para invadir uma favela no Rio."
Ele não descarta a possibilidade de o grupo também entrar com uma ação contra Luz, por calúnia.

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