São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 1995
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Oferta deve segurar o preço de auto e de telefone

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

A lei da oferta e da procura não favorece investimentos em carros e telefones, que, no Brasil, são considerados ativos reais.
O consultor Paulo Possas, da PJ Possas Gestão de Patrimônio, considera automóvel um bem de consumo, mas, como já permitiu ganhos reais na fase de inflação alta, ainda há quem acredite fazer bons negócios nesse mercado.
A oferta de automóveis cresceu muito e deprimiu os preços dos usados. Para Possas, nada indica que essa situação vá se reverter. O mercado, diz ele, continuará "inundado" de carros.
A tendência é de que os carros zero percam cada vez mais valor ao saírem das concessionárias, como acontece no exterior.
O mercado de telefones ainda apresenta maior procura do que oferta em muitas regiões de São Paulo e do país. Com isso, os preços onde a oferta é menor -principalmente na periferia- permanecem altos, assim como o aluguel da linha.
Mas isso deve durar cerca de um ano, diz Possas. A oferta tende a crescer bastante, inicialmente a dos celulares e depois a dos "cabeados", a linha tradicional.
Ele diz que no interior do Paraná, os celulares vendidos no mercado informal já são mais baratos que os adquiridos na "tele" local.
Assim, o mercado de telefones corre o risco de enfrentar, a médio e longo prazos, a mesma situação enfrentada hoje por quem comprou carro apostando em sua revenda com lucro real.
No mercado financeiro, ninguém acredita na recuperação do dólar, outro ativo muito procurado antes do Real e, principalmente, quando era iminente o risco de hiperinflação. A atual reação do paralelo é típica de virada de ano, quando empresas e pessoas físicas recorrem ao "black" para esconder rendimentos do fisco.

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