São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 1995
Próximo Texto | Índice

Mercado de troca funciona sem dinheiro

Empresário quer trocar fábrica de lajes por um telefone

NELSON ROCCO
DA REPORTAGEM LOCAL

No mercado de trocas as negociações são feitas sem dinheiro. Os valores das mercadorias são estipulados de acordo com o que se quer e o que se oferece.
Os interessados em entrar nesse tipo de negócio se valem de diversos caminhos para divulgar seus produtos. Vale anunciar, vale avisar a vizinhança, vale um passeio por feiras de antiguidade.
Nesse ramo, ninguém quer lucro. Só a transformação de alguma coisa encostada por outra com mais utilidade.
Esse é o caso de Dirceu Bizelli, 41. Ele quer trocar metade de uma fábrica de lajes em Presidente Prudente (558 km a oeste de São Paulo) por um telefone.
Bizelli afirma que a microempresa, instalada em um terreno de 2.000 m2, está parada. "Eu e meu sócio começamos a trabalhar, mas o negócio não deu certo."
Segundo ele, a fábrica vale (mesmo parada) R$ 20 mil. O sócio também tem intenção de vender sua parte. Com o telefone, Bizelli espera fazer trabalhos de telemarketing para terceiros.
Veterano nesse tipo de negócio, ele conta que, no passado, trocou uma perua Kombi por um Fusca. E não se arrependeu.
Outro que já tem experiência nesse mercado é Aldo Piccoli, 42. "Já troquei carro, moto, telefone e filmadora."
Ele afirma que o melhor negócio que fez foi a permuta de uma casa na Praia Grande (litoral sul) por outra em Osasco (Grande São Paulo) em 91. "Em valores atuais, a negociação chegou a R$ 60 mil sem envolver nenhum centavo em dinheiro."
A dona da pizzaria Frans, na Vila Carrão (zona leste), oferece um balcão refrigerado de 2,20 metros de comprimento "funcionando bem".
Ela diz que espera conseguir uma masseira de até 5 kg para fazer massa de pizza.
A microempresária Sonia Maria de Souza, 37, comprou o Bar e Lanches Copa 90, no Jardim Aeroporto (zona sul de São Paulo), há cerca de dois anos.
Cansada de tocar a lanchonete sozinha e com planos de mudar de ramo, quer trocá-la por um carro ou por telefones.
"A base de preço é de R$ 10 mil." Segundo ela, o faturamento mensal é de cerca de R$ 4.000.
O objetivo de José Carlos Rosa, 44, é trocar sua loja Pintacar Tintas e Ferragens, no Tatuapé (zona leste), por uma casa de campo ou de praia.
"Decidi trocar porque tenho uma fábrica de estopas e não consigo cuidar da loja", diz. O empreendimento está em um ponto alugado de 90 m2, e o valor para a negociação é de R$ 70 mil.
Trocar seu trailer-lanchonete por um carro de R$ 3.500 é o que espera Ricardo Antognolli, 26.
A mulher, que o ajudava no negócio, foi trabalhar em outra atividade, e Antognolli diz que quer procurar outro ramo.

ONDE ENCONTRAR
Aldo Piccoli - (011) 412-3406; Alírio Elias Garcia - (011) 810-2685; Dirceu Bizelli - (011) 801-1857; Ivone Enguel Milan - (011) 885-0372; José Carlos Rosa - (011) 296-9919; Ricardo Antognolli - (011) 967-6702; Rita Ribeiro Mendes - (011) 941-8484; Sonia Maria de Souza - (011) 531-3353.

Próximo Texto: 'Troco meu vestido de noiva'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.