São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995 |
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Agências de publicidade européias apostam no mercado brasileiro
SUZANA BARELLI
Somente no mês passado, executivos da TWBA e da BDDP, grandes agências com sede na Europa, vieram ao Brasil prospectar as agências e conhecer o mercado. "As agências européias estão analisando o mercado brasileiro, apostando no potencial da América Latina", diz o publicitário Ivan Pinto, presidente da Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade). Ivan Pinto se reuniu, há um mês, em São Paulo, com Hubert Genty, "chairman" da BDDP (francesa). O executivo veio ao país para analisar o mercado nacional. A previsão do meio publicitário é que a agência chegue ao Brasil já no início do ano que vem. Ivan Pinto conta que dois fatores têm levado as agências a olhar o mercado brasileiro, após cinco anos da abertura econômica e um ano e meio do Plano Real. São eles: a necessidade de as agências atuarem na América Latina e a pressão de clientes multinacionais, que querem trabalhar com a mesma agência nos locais onde têm produtos. Antônio Fadiga, presidente da Young & Rubicam, agência que acabou de ganhar a conta da Ford, diz que há uma pressão das empresas já globalizadas para trabalharem com a mesma agência nos diversos países em que atuam. Um dos fatores decisivos para a agência ganhar a conta da montadora, estimada em mais de US$ 20 milhões anuais, é o fato de a Y&R ser uma das três agências que trabalham com a Ford no mundo. Na previsão de Fadiga, diversas agências de grande porte internacional devem abrir escritórios no Brasil no ano que vem. Com a previsão de chegada de novas agências ao mercado, abre-se a possibilidade de mudança de contas entre as agências. "Se a globalização é um fenômeno mundial e muitas empresas querem trabalhar com a mesma agência, é natural essa troca de contas", diz Mauro Salles, presidente do conselho de administração da Salles/BMB&B. Há dez dias a Salles perdeu a conta da Ford, após 29 anos de trabalho. "Mas, da outra ponta, ganhamos as contas da Philips, Umbro e Mars (chocolate), por alinhamento mundial", diz o publicitário. Essa tendência de alinhamento de contas movimentou o mercado na semana passada, com a chegada, ao Brasil, da Euro RSCG, 7ª maior agência do mundo, com previsão de faturamento mundial de US$ 6,5 bilhões em 1995. A agência, que detém a conta da Philips em diversos países, anunciou uma associação com a recém-criada Carillo, Pastore. A previsão do mercado é que a conta da Philips, que no mundo pertence à Euro, passe para a nova agência no Brasil. "Não temos a conta, mas é lógico que vamos trabalhar para conquistá-la e temos certas vantagens, como o conhecimento da conta no exterior", diz Dalton Pastore, sócio da nova agência. Mercosul A globalização do mercado publicitário não é uma via de mão única, com agências internacionais se associando às nacionais e abrindo escritórios no país. "Para sobreviver e ganhar mercado, diversas agências estão partindo para a sua internacionalização", diz Ivan Pinto. A Fischer, Justus, por exemplo, tem associações com agências na Argentina e na Venezuela. A DPZ, uma das maiores agências nacionais, vai comprar, no início de 96, uma agência na Argentina. "A idéia é expandir para o Mercosul, mas manter as características de agência nacional", diz Roberto Duailibi, sócio da agência. Para ele, as agências devem viabilizar alianças com empresas de outros países. Texto Anterior: Slogan em inglês é moda na publicidade brasileira Próximo Texto: Record encomenda campanha para melhorar imagem junto ao público Índice |
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