São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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Polícia faz desarmamento em Corumbiara

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O secretário de Segurança de Rondônia, Vanderley Mosini, se reuniu ontem com policiais civis e militares em Corumbiara e determinou o desarmamento em toda a região por causa do assassinato do vereador e presidente do Diretório Municipal do PT, Manoel Ribeiro, 31, o Nelinho.
Uma passeata de protesto marcou ontem o enterro do vereador, morto com cinco tiros, segundo a polícia, no sábado à noite, quando chegava em casa de moto, com sua mulher, Edilena.
O corpo do vereador e dirigente petista foi velado na igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e depois na Câmara Municipal.
O prefeito de Corumbiara, Arnaldo Carlos Teco da Silva (PSDB), 41, disse que o enterro foi acompanhado por cerca de 400 pessoas. Silva disse que, apesar de adversário, era amigo de Nelinho.
Parentes de Nelinho disseram à Agência Folha por telefone que cerca de mil pessoas participaram do enterro. A cidade possui 20 mil habitantes.
O professor Ercílio Bernardino José Vieira, 34, cunhado de Nelinho, disse que ontem o clima estava muito tenso na cidade, mas que não houve incidentes.
"Agora as pessoas querem justiça. As autoridades precisam dar conta de prender todos os responsáveis pelo crime. Esse foi um crime encomendado", disse Vieira.
Ele afastou a possibilidade de o crime ter sido cometido por fazendeiros, em represália pelo fato de o vereador apoiar os sem-terra.
Nelinho acompanhou as investigações sobre a morte de 12 pessoas em conflito com a Polícia Militar no dia 9 de agosto, em Corumbiara. Dos 12 mortos, 10 eram sem-terra e 2 eram policiais.
"O motivo é político, mas não tenho a menor dúvida de que o caso é outro. A questão dos sem-terra está praticamente resolvida na região", disse Vieira.
Suspeito
O governo de Rondônia anunciou ontem à tarde em Porto Velho que a polícia prendeu em Corumbiara um suspeito do crime.
Segundo o diretor de imprensa do palácio, Abdoral Cardoso, o suspeito é Roque Basílio de Paula. A prisão teria ocorrido anteontem.
Cardoso disse que a polícia transferiu Paula para a delegacia de Colorado do Oeste, que fica a 50 km de distância de Corumbiara. Ele está preso e incomunicável.
A Agência Folha fez contato telefônico com a delegacia de Colorado do Oeste, mas os policiais não quiseram comentar o caso.
Segundo Cardoso, a polícia conseguiu ontem da Justiça a decretação da prisão preventiva do suspeito.
Jurado de morte
O professor Ercílio Bernardino José Vieira, 34, cunhado de Nelinho, disse ontem que o vereador começou a receber ameaças de morte depois que decidiu coletar assinaturas para pedir a abertura de uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) para apurar irregularidades na gestão do prefeito Arnaldo Carlos Teco da Silva.
Nelinho acusava o prefeito de ter desviado dinheiro da educação. Silva negou as acusações e disse desconhecer a criação da CEI.
"Essas acusações são completamente infundadas. Eu gostava muito do Nelinho. Este caso precisa ser amplamente apurado", disse o prefeito.

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