São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995 |
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Juiz, solitário do futebol O que ocorreu na final do Campeonato Brasileiro de Futebol sugere que os recursos técnicos à disposição da arbitragem estão muito aquém do necessário para garantir-lhe um bom desempenho. A verificação das jogadas a partir dos teipes feitos pela TV indica que os dois gols validados não deveriam sê-lo, por irregulares, e que o tento anulado foi, na verdade, legítimo. Não cabe, é claro, questionar o resultado desse jogo específico. A final do campeonato foi disputada segundo as regras atuais. Mas é o caso de rediscutir se a arbitragem não deve passar a ter acesso a imagens das jogadas que deixam dúvidas no próprio juiz. Se o árbitro da final pudesse ver, no ato, os teipes, verificaria fortes indícios de que o gol do Santos foi precedido de um passe dado com a mão, de que o atacante Túlio estava impedido ao abrir o marcador em favor do Botafogo e de que não houve impedimento no gol santista anulado no segundo tempo. Um juiz correndo pelo campo e dois bandeirinhas nas laterais mostram-se um esquema muito amador para um esporte já em tudo profissional. Há quem ache que a precariedade ou até as dúvidas em relação à arbitragem fazem parte do sabor especial do futebol. Hoje, porém, o juiz ficou circunscrito à ínfima minoria sem acesso aos recursos tecnológicos que pela TV estão disponíveis a quase todo o país. Tornou-se um solitário, em situação desconfortável, quando milhões de telespectadores podem rever imediatamente cenas que mostram que a arbitragem errou. Texto Anterior: Saldo positivo Próximo Texto: Choque de humildade Índice |
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