São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 1995
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Brindeiro pede quebra de sigilo de Chedid

CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a quebra do sigilo das contas telefônicas do deputado Marquinho Chedid (PSD-SP).
Chedid é acusado de extorquir donos de bingos de São Paulo para isentá-los de culpa na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bingos, concluída no dia 14.
Chedid disse não temer a quebra de seu sigilo telefônico. Ele disse não se lembrar se manteve contato telefônico com os empresários que o acusam. "Dou retorno a todas as pessoas que me procuram."
O deputado, que nega as denúncias de extorsão, afirma que a própria Justiça não aceita provas obtidas por meio da quebra de sigilo.
Pedido
Ao encaminhar o pedido, o procurador atende à solicitação do corregedor da Câmara, deputado Beto Mansur (PPB-SP).
Além de Chedid, a medida envolveria os dez integrantes da CPI, que, no entanto, já autorizaram a quebra do sigilo.
Por meio de documentos a serem fornecidos pela Telesp, Mansur quer saber se Chedid manteve contato telefônico com proprietários de casas de bingo durante as investigações da CPI.
Empresários como Ricardo Steinfeld, dono do Bingo Liberty, e Janos Wessel, do Bingo Garitão, declararam ter sido procurados por emissários de Chedid para pagar cerca de US$ 300 mil cada um para não serem citados na CPI.
Ambos são citados no relatório final da comissão, que pediu ao Ministério Público abertura de novas investigações sobre bingos de São Paulo. Segundo a comissão, foram constatadas irregularidades como "lavagem" de dinheiro e prostituição em bingos de São Paulo.
As denúncias contra Marquinho Chedid vieram a público devido a uma investigação feita pela Polícia Civil de São Paulo sobre o bicheiro paulista Ivo Noal. Em escutas telefônicas, a polícia teve acesso a diálogos de auxiliares de Noal em que Chedid é citado como autor intelectual das supostas extorsões.
O pedido do procurador está sob avaliação do presidente do STF, Sepúlveda Pertence.

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