São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 1995
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Saída de recursos pressiona dólar comercial

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Bolsa em alta. Câmbio Comercial (exportações e importações) pressionado. Juros estáveis.
Esse foi o cenário de ontem do mercado financeiro. Aparentemente, o bode saiu da sala.
Prevaleceu no mercado algum otimismo ou, pelo menos, a aposta de que Fernando Henrique Cardoso conseguirá apagar todos os incêndios. Para os analistas, FHC é o melhor bombeiro do país.
Pasta rosa, Sivam, articulação com o Congresso (leia-se PFL), venda do Banco Econômico, sai não sai da diretoria do BC (Banco Central). Todos esses assuntos, acredita o mercado, estão no colo do presidente e serão resolvidos.
Essa expectativa ajudou as Bolsas -deprimidas pela crise política. A paulista fechou em alta de 1,10% e o volume negociado cresceu, batendo em R$ 266,258 milhões. Até agora, o mercado tem conseguido digerir um excesso de papéis que sobrou na mão dos financiadores, com o fracasso das opções, ou do próprio mercado, com a desmontagem das últimas operações de "box" feitas por estrangeiros.
Foi a desmontagem dos "boxes" (que usa ações para realizar uma operação de renda fixa, que rende juros) que ajudou a pressionar o mercado do dólar comercial (exportações e importações) nos últimos dois dias -além das remessas típicas de final de ano.
Ontem, a pressão das saídas financeiras continuou. O dólar chegou a ser negociado por R$ 0,9705 (venda), mas acabou fechando a R$ 0,9685 (venda). Sinal que a pressão diminuiu.
O mercado de juros está "furado" (tem mais títulos do que dinheiro no mercado). O BC, todo dia, empresta recursos.
Logo, o BC tem o poder de estabelecer a taxa de juros que bem entender. Por enquanto, preferiu manter o juro no mesmo patamar.
A liquidez vai continuar apertada. Entre ontem e hoje, avalia o mercado, os clientes devem sacar dos bancos em papel-moeda aproximadamente R$ 500 milhões. Como já disse o Millor: dinheiro não é tudo. Tudo é a falta de dinheiro.

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