São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 1995
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Israel entrega Belém aos palestinos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A quatro dias do Natal, Israel entregou a cidade de Belém à Autoridade Nacional Palestina. Foi lá, segundo os cristãos, que nasceu Jesus Cristo.
Por causa da data, a cidade recebe nesta época uma quantidade extraordinária de turistas.
Durante a retirada, as autoridades israelenses vetaram o acesso de seus compatriotas à cidade, localizada a 8 km de Jerusalém, mas permitiram o acesso a visitantes estrangeiros.
A razão da restrição foi evitar que colonos israelenses tentassem impedir a entrega aos palestinos, prevista no acordo de paz entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que pedia sua devolução antes do Natal.
O Líder da OLP e da Autoridade Palestina, Iasser Arafat (que é muçulmano), prometeu passar a noite de Natal na cidade sob sua administração. "Estou feliz pelos palestinos, estou feliz que haja paz e estou feliz por ser Natal", disse um monge franciscano defronte à Igreja da Natividade.
"É o mais doce e feliz dos dias. É a libertação", disse Ali Mahmoud, muçulmano morador da cidade, ao ver os jipes do Exército de Israel se retirarem. Houve uma rápida vaia aos jipes.
A cerimônia de entrega das outras cidades da Cisjordânia se repetiu ontem: no QG do Exército, o comandante militar israelense local entregou o controle da cidade ao chefe da polícia palestina com um aperto de mãos, e então as bandeiras foram trocadas.
"A Autoridade Palestina agora terá tempo para preparar o esquema de segurança do Natal, para celebração conjunta de cristãos, muçulmanos e judeus", disse o general israelense Gabi Ofir.
Belém, 45 mil habitantes é a sexta cidade da Cisjordânia a ser entregue aos palestinos. Ela se junta a Jericó, Jenin, Tulkaram, Nablus e Qalqilia, além da faixa de Gaza.
A ocupação da Cisjordânia começou há 28 anos, durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Israel anexou a área, que então pertencia à Jordânia.
A entrega ocorreu três dias antes do calendário previsto, quando ainda não está pronta a estrada que passa por fora de Belém e evitará que colonos judeus precisem entrar na cidade.
O líder oposicionista israelense Binyamin Netanyahu advertiu o governo para o que ele chamou de "risco à unidade de Jerusalém". Para ele, a cidade está sendo cercada por muçulmanos.
A OLP reivindica a porção oriental da cidade como capital de um futuro Estado Palestino, enquanto Israel diz que Jerusalém -inteira- é sua capital.

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