São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 1995
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Banco Bozano, Simonsen vai administrar Banerj

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O Banco Bozano, Simonsen venceu a concorrência promovida pelo governo do Rio e deverá administrar o Banerj (Banco do Estado do Rio de Janeiro) por um ano, preparando o banco para ser privatizado pelo governo estadual.
Durante o período da gestão do Bozano, o Banerj permanecerá sob Raet (Regime de Administração Especial Temporária) do BC (Banco Central), o que assegura a operacionalidade do banco.
O secretário de Planejamento do Rio, Marco Aurélio Alencar, disse que no próximo dia 28 o presidente do BC, Gustavo Loyola, estará no Rio para prorrogar o Raet por um ano e nomear o Bozano como gestor do Banerj.
O Raet foi decretado em 30 de dezembro do ano passado, antes da posse do governador Marcello Alencar (PSDB).
O Banerj tem um rombo (patrimônio líquido negativo) de aproximadamente R$ 1,8 bilhão e um prejuízo operacional (receita menor do que as despesas) próximo a R$ 1,5 milhão por dia.
Solução
Alencar disse que a proposta do Bozano foi a vencedora porque foi aquela que enfatizou de forma mais clara a solução dos problemas do Banerj pela reversão desse prejuízo operacional.
Para o secretário, não adianta que se façam aportes de capital para cobrir o rombo patrimonial se o banco não passar a ser lucrativo para se tornar viável e iniciar a partir dele mesmo a solução para o rombo.
O Bozano venceu a concorrência do Banerj com uma nota total de 91,54, contra 76,21 do segundo colocado, o consórcio formado pelo Banco Liberal e pelo Deutsche Bank.
Na proposta comercial, dividida em três partes -preço fixo, comissão sobre o resultado operacional mensal e percentual sobre o sucesso da privatização- o Bozano cobrou, respectivamente, R$ 0,01, 20% e 5%.
A estratégia de cobrar um centavo de preço fixo e carregar sobre o sucesso da gestão operacional divergiu totalmente das outras quatro propostas.
A do Liberal/Deutsche Bank, por exemplo, previa R$ 2,98 fixos, 3% sobre o lucro operacional e 1,93% sobre a privatização. Este último percentual será pago com ações do próprio Banerj.
Antes da abertura das propostas comerciais, a comissão de licitação leu o resultado do recurso dos quatro concorrentes que já haviam perdido para o Bozano na proposta técnica. Ele foi rejeitado.
No seu relatório, a comissão diz que o fundamental da proposta do Bozano é que somente nela "os problemas do Banerj não dependem de aporte de recursos do Estado" para serem resolvidos.
Recurso
Apesar de um clima de insatisfação geral entre os consórcios derrotados, ninguém contestou formalmente o resultado da concorrência e não deve haver outros recursos. Mas Renê Garcia, do Banco Arbi (líder de um dos consórcios), disse que sem aporte de recursos é impossível resolver o problema do Banerj.

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