São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 1995
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'O toxicômano é um infantil'

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

"Uma vez toxicômano, sempre toxicômano. A doença só fica estacionada", diz E.S., que frequenta as reuniões do grupo de ajuda mútua NA (Narcóticos Anônimos) da igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema (zona sul do Rio).
Ele conta que começou a fumar maconha aos 11 anos. Caçula de uma família rica de Ipanema, diz que encontrou na droga uma espécie de disfarce para os problemas da adolescência.
Desde os 16 anos injetava cocaína nas veias. Ele diz que se aplicou até o início de 1990, quando procurou o NA de Ipanema.
Nas reuniões, E.S. diz que conseguiu superar o "processo de infantilização" em que vivia. "O toxicômano é um infantil. Tem 14 anos de idade mental", diz.
Para ele, "a doença" diferencia o viciado do usuário eventual de drogas. "Há quem guarde cocaína para cheirar na semana seguinte. Eu não sou assim." Depois que ingressou no NA, E.S. conseguiu se reaproximar da mulher e da filha, hoje com 11 anos. O casal teve mais um filho, de 4 anos.
(ST)

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