São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 1995
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RH inicia globalização via Internet

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Demorou, mas a Internet chegou aos profissionais de RH (recursos humanos) do Brasil. A rede não é usada só como um sistema de busca de emprego, mas também para troca de informações.
Já é possível encontrar nela pesquisas salariais, lançamentos de livros de gestão de RH, cursos de treinamento, entre outros serviços (veja quadro na pág. 6-3).
Há tempos a Internet era usada quase exclusivamente pela comunidade acadêmica. Hoje, nas empresas, ela funciona como uma espécie de fórum de debates.
É possível, por exemplo, formar um "workgroup" (grupo de trabalho), reunindo executivos do mundo inteiro, para discutir assuntos referentes a administração.
"É feito um grupo em que os melhores ficam e os piores são banidos", diz Márcio Artiaga de Castro, 25, diretor-executivo da BSP (Business School São Paulo), que também presta consultoria.
"O debate atinge um grau de sofisticação elevado. É a busca da informação sobre administração." Como os professores de sua escola, ele colocou seu currículo na rede. "Nela também procuro treinamento para nossos funcionários."
A ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) instalou há uma semana um site (computador que disponibiliza informações na Internet) só para profissionais da área de recursos humanos.
"Alimentamos a rede com tudo o que é preciso", diz Luiz Ciocchi, 50, presidente da ABRH e da Fidap (Federação Interamericana de Administração de Pessoal).
Segundo Ciocchi, dos 55 países que participam da Federação Mundial de Recursos Humanos, apenas três têm esse sistema: Estados Unidos, África do Sul e Brasil.
A experiência "on line" da associação não é nova. Desde setembro, ela tem um BBS (serviço eletrônico de aviso), do qual participam 800 pessoas, para tirar dúvidas e fazer consultas sobre a área.
"Uma empresa do Japão troca figurinhas com outra da Argentina e as do Brasil acompanham", diz Ciocchi. "A função é essa: universalizar informações que antes eram privilégios de poucos grandes."
"A primeira coisa que acontece quando a rede começa a invadir o setor é a pessoa ficar pensativa, sem acreditar que isso está mesmo acontecendo. As informações estão ficando democratizadas."
O sistema coloca em xeque até o conceito de RH. "Quando todos têm acesso à administração de pessoal, esse conceito deixa de existir. Vira gerente de RH todo gerente que lida com pessoas. Um gerente comercial, por exemplo, é também um gerente de RH."
Mas o próprio sistema ainda não foi democratizado. "Estamos muito crus", afirma Alfredo Moro, 36, gerente da Andersen Consulting. Ele atua na área de assimilação de mudanças -incorpora a divisão de RH- e é um dos formadores de "workgroups".
Pesquisa da consultoria Manager com 680 executivos revelou o desconhecimento da rede (veja quadro abaixo). Na resposta, estimulada, só a metade soube definir corretamente o que é a Internet.

LEIA MAIS
sobre recursos humanos na Internet
na pág. 6-3.

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