São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 1995
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A favor do Santos e das punições aos árbitros

TELÊ SANTANA

É muito triste e frustrante ver um título brasileiro ser decidido por falhas de um árbitro.
Por isso, uma semana após a conquista do Botafogo sobre o Santos, o assunto ainda é a polêmica arbitragem de Márcio Rezende de Freitas.
Gosto do Márcio. Na minha opinião, ele ainda é o melhor juiz de futebol do Brasil.
Acredito muito na sua honestidade e sei que não é mal-intencionado.
Mas ele errou e tem de ser punido por isso, como são os jogadores, os técnicos e até os dirigentes.
Em vez disso, a comissão de arbitragem o premia, escalando-o, três dias após a final, para o jogo da seleção brasileira em Manaus e tentando justificar seus erros a todo custo.
Em uma decisão, onde o futebol foi bem jogado, sem violência, o principal erro foi a anulação do gol de Camanducaia, por suposto impedimento.
Analisando a jogada pela TV, deu para perceber que o árbitro está em uma posição onde é impossível ver e constatar o momento em que partiu a bola na cobrança de falta, o que caracterizaria o impedimento.
Do modo em que ele estava colocado, não se tinha a visão completa do lance. Ele só viu a bola quando ela estava chegando ao gol e aí sim Camanducaia estava adiantado.
Márcio desprezou também o auxílio do bandeirinha, mandando ele ficar na linha de fundo no lance.
Foi mais um desses graves erros que temos que aguentar.
A gritaria do Santos, portanto, é justificada. O time deixou de ganhar muito dinheiro ao perder o título.
O fato de a diretoria do clube ter entrado na justiça para rever o resultado do jogo é válido.
Acho que não vai dar em nada, mas, mesmo assim, serve para que as autoridades tomem consciência de que é necessário cobrar os árbitros e puni-los quando necessário.
Outro dia, estive conversando com João Havelange (presidente da Fifa) sobre os problemas da arbitragem.
Ele me disse que, na Copa do Mundo, o juiz que erra é mandado de volta para casa. Tem que ser assim em todo o lugar.
Fiquei sabendo que a Federação Paulista de Futebol nomeou uma comissão de ex-juízes (José de Assis Aragão, José Roberto Wright e Renato Marsiglia) para coordenar a arbitragem no Campeonato Paulista.
Eles só serão úteis se agirem sem coleguismo e não passarem a mão na cabeça dos juízes quando eles errarem.
Caso contrário, não vai adiantar nada. Os erros continuarão e os maus juízes permanecerão impunes.

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