São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Falta apoio a votação sobre ação afirmativa

USA Today
De Arlington

SALLY ANN STEWART

A tentativa de pôr fim à ação afirmativa na Califórnia talvez nunca seja votada, apesar de contar com maciço apoio público.
Com prazo final de 21 de fevereiro, os defensores do fim da ação afirmativa contam com apenas um terço das assinaturas necessárias para que a proposta seja submetida a voto em novembro de 1996. E os esforços para conseguir mais assinaturas são prejudicados pela falta de dinheiro.
A iniciativa pede o fim do tratamento preferencial a mulheres e integrantes de minorias étnicas nos contratos com órgãos estaduais, na educação e nas contratações.
Sondagem recente do "Los Angeles Times" mostrou que 65% dos californianos são favoráveis à iniciativa, e 25%, contra.
"O problema é que a iniciativa já é tão popular que as pessoas pensam que sua votação está programada", diz o consultor político republicano Allan Hoffenblum.
Os defensores da iniciativa já recolheram 200 mil assinaturas e precisam de pelo menos mais 500 mil. Segundo o analista político Bob Mulholland, do Partido Democrata, "será difícil consegui-las, mas não impossível".
Os defensores estimam que precisariam de US$ 750 mil para contratar uma firma para recolher assinaturas e produzir anúncios para despertar o interesse dos eleitores.
A iniciativa começou a fraquejar desde que o governador Pete Wilson desistiu de tentar ser o candidato à Presidência pelo Partido Republicano.
Wilson havia transformado a questão num dos elementos básicos de sua campanha, abrindo debate nacional sobre o mérito de se dar preferência a minorias.
Sua posição levou a reitoria da Universidade da Califórnia a eliminar as preferências raciais e sexuais nas suas contratações de funcionários e professores e na admissão de estudantes.
Nenhum outro Estado seguiu a iniciativa da Califórnia. Mas o presidente Bill Clinton ordenou uma revisão dos programas federais de ação afirmativa.
Quando Wilson desistiu de tentar a candidatura presidencial, a questão passou a segundo plano. Hoje, segundo a analista política Sherry Bebitch Jeffe, seus defensores não contam com um nome importante para atrair doadores e manter o interesse da mídia.
E Wilson está exaurindo o fluxo de dinheiro. Ele precisa levantar US$ 1,5 milhão para pagar dívidas de sua campanha e, para isso, está recorrendo aos contribuidores de costume, os mesmos cuja ajuda está sendo pedida pelos adversários da ação afirmativa.
No mês passado, a campanha parou por dez dias por causa da falta de dinheiro. Seu administrador, Joe Gelman, foi demitido.
"Estamos com um atraso de semanas e falta de dinheiro", diz Steinberg. "Mas a parte maior sempre entra nos últimos meses."
Ele está contando com a nova figura de proa da campanha: Ward Connerly, negro que integra a reitoria da universidade. Ele vai tentar elevar o perfil da campanha e atrair grandes doações.
Os defensores da campanha também esperam o apoio do favorito a ser o presidenciável republicano, o senador Bob Dole, do Kansas, que fará campanha no Estado antes das primárias de março. Ele já exortou eleitores a "defender a igualdade de oportunidades".

Texto Anterior: O barato que sai caro
Próximo Texto: Laser cega pilotos dos EUA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.