São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 1995
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Rio tem mais mulheres na chefia de famílias

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

O Rio de Janeiro é o Estado com maior percentual de domicílios chefiados por mulheres com idade superior a 35 anos: 26,73%.
A média no país é de 21,65%, segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 1991.
Em segundo lugar está Sergipe com 26,26%. A região com maior percentual de casas sustentadas por mulheres é o Nordeste, com 23%, seguido pelo Sudeste (22%).
Apesar de próximos nos números, a causa da maior participação feminina difere entre o Rio e Sergipe. O destaque do Rio, na avaliação dos técnicos do IBGE, tem, entre outras motivações, os fatores culturais.
Na opinião da socióloga Ana Lúcia Sabóia, coordenadora da área de População, Família e Grupos Específicos do Departamento de Populações e Indicadores Sociais do IBGE, o fato de o Rio ser um pólo de desenvolvimento cultural influencia o índice.
"Há diferenças entre o fenômeno no Rio e nos Estados do Nordeste, onde o fluxo migratório intenso tem um peso considerável, com muitas mulheres forçadas a tomar conta da família porque o marido emigrou", afirma.
Segundo Ana Lúcia, o aumento do número de domicílios chefiados por mulheres é um fenômeno mundial, explicado pela inserção crescente da mulher no mercado de trabalho.
Para a antropóloga Sônia Corrêa, que coordena o Núcleo de Globalização do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), as mudanças culturais das últimas três décadas em todo o mundo deram à mulher condições para não ficar na dependência do homem para sobreviver e criar os filhos.
"De 1981 a 1989, os domicílios chefiados por mulheres no Brasil passaram de 11% para 18%. E isso ocorre em todo o mundo. A média mundial em 1980 era de 19,3%. Em 90, passou para 25,2%", afirma Sônia Corrêa, citando dados do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas.
Esse percentual, segundo a antropóloga, geralmente é maior nas regiões metropolitanas e sempre menor em sociedades conservadoras, menos suscetíveis às mudanças culturais e onde a mulher tem mais dificuldades para entrar no mercado de trabalho.
"O Rio é um eleitorado fundamentalmente metropolitano e tem longa tradição cosmopolita, até por ter sido capital. No Estado de São Paulo, o interior, mais conservador e com grande peso populacional, puxa estes indicadores para baixo", afirma a antropóloga.
Idosos
O Estado com maior presença de chefes de família -homens e mulheres- com idade superior a 60 anos é a Paraíba: 25,67%.
Nesse indicador, o Rio fica em 8.º lugar, com 20,4% de seus chefes de família na faixa de 60 anos ou mais.
Entre as regiões, é o Nordeste que mais tem idosos no comando dos domicílios: 21%.

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