São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Índice

Mulheres no poder; Austeridade; Cartel dos medicamentos; Ciência e pesquisa; Protesto; Reajuste dos bancários; Mais verde; Boas festas

Mulheres no poder
"A Constituição brasileira, em seu artigo 5, inciso I, assegura a igualdade de direitos e obrigações entre o homem e a mulher. Embora nossa lei maior garanta a igualdade, muitas vezes ela é meramente formal, pois não passa de uma fria letra da lei, que não encontra respaldo na prática da vida social brasileira. Evidencia-se, de forma inconteste, a discriminação contra a mulher na atividade política. Temos 513 deputados federais, apenas 35 são mulheres. Foi aprovado, recentemente, projeto de lei, tendo como signatária a deputada federal Marta Suplicy, alterando dispositivos da lei eleitoral e estabelecendo normas para a realização das eleições municipais de 3 de outubro de 1996. Para as eleições que obedecerem ao sistema proporcional, no mínimo 20% das vagas de cada partido ou coligação deverão ser preenchidas por mulheres. Segundo dados da ONU, mantendo-se o ritmo atual de crescimento de 1% a 2% da mulher em cargos de direção, o mundo só terá paridade de representação daqui a 400 anos. Esperamos que as mulheres consigam alcançar vôos mais sólidos na política, mostrando à população que a sua competência reflete-se na oposição às práticas divorciadas da correta administração da coisa pública, assim como na representação e na valorização dos humildes que sonham com um Brasil melhor."
Paulo Gomes Júnior (Curitiba, PR)

Austeridade
"Algumas medidas de real austeridade que os governos federal e estaduais devem adotar, a fim de obter mais recursos para escolas, hospitais, habitação, saneamento básico e segurança: extinção das pensões vitalícias aos ex-presidentes e ex-governadores; oficialização dos cartórios de notas e registros de imóveis, passando seus titulares a serventuários da Justiça; suprimir as desnecessárias e onerosas funções de adidos militares e culturais junto a algumas embaixadas; criar o Ministério da Defesa, com as secretarias do Exército, Marinha e Aeronáutica; reduzir os exagerados salários e gratificações existentes em cargos de administração federal e dos órgãos a ela subordinados; extinção das mordomias de civis e militares; supressão da designação de embaixadores que não sejam da carreira diplomática; supressão da embaixada no Vaticano, por não ter o Brasil religião oficial; supressão das viagens de senadores e deputados ao exterior que impliquem em ônus para o Tesouro; supressão efetiva dos carros oficiais; supressão dos cargos de vice-presidente da República e vice-governadores dos Estados; e suprimir ainda mais órgãos federais. As medidas sugeridas são para alertar a todos que têm alguma parcela de responsabilidade nos destinos do nosso país do perigo que corremos se continuar a situação da má distribuição do capital."
Jorge Baiardo Torres Gonçalves (Rio de Janeiro, RJ)

Cartel dos medicamentos
"Posso afirmar tranquilamente que a atual política de medicamentos em prática no país faz com que as classes menos favorecidas economicamente venham a subsidiar os medicamentos dos mais favorecidos, em algumas cidades brasileiras. Enquanto indústria, que trabalha dentro de um cartel ancorado no comércio de medicamentos pelo nome fantasia (marca), farmácias e drogarias vivem uma guerra na busca de clientes, através de descontos. Em algumas cidades, os descontos são feitos de forma homogênea para todos os medicamentos. Aqueles medicamentos geralmente de menor qualidade, que algumas indústrias oferecem uma margem operacional maior ao comércio varejista, para que sejam 'empurrados' ao consumidor, têm como destino, na maioria das vezes, aqueles humildes que procuram a farmácia para fazer consultas médicas. Por outro lado, aquele cidadão que faz consulta particular ou por convênio compra um medicamento de melhor qualidade, com o mesmo valor de desconto, subsidiado pelos cidadãos do exemplo anterior. Produzir, receitar e dispensar medicamentos pelo nome oficial (nome da substância ativa), em um mercado monitorado por uma vigilância sanitária altamente estruturada, fica menos oneroso do que internar pacientes porque não compraram pílulas e ampolas preciosas que têm um custo terapêutico mensal muitas vezes superior a um salário mínimo. A lei dos genéricos não está no dia-a-dia da saúde pública brasileira, penso eu, porque talvez seria o fim de uma grande fonte de tributos para o governo federal."
Flávio Henrique Ribeiro (Divinópolis, MG)

Ciência e pesquisa
"Um equilíbrio entre ciência básica e pesquisa tecnológica é fundamental. E é essencial que na corrida o Brasil não mate o celeiro da formação de pesquisadores, que são os laboratórios de pesquisas básicas. O Instituto Butantan deu um nítido salto. As novas plantas e produtos na área de vacinas e soros não estão isolados do salto na qualidade e produtividade científica. O Butantan responde hoje por 65% dos artigos originário dos institutos e indexados no 'current contents'."
Isaias Raw, diretor do Instituto Butantan (São Paulo, SP)

Protesto
"É preciso que ACM se compenetre de que o Brasil não é só Bahia e nem 'casa de comadres'. Lamentável o que está ocorrendo. Sinto vergonha, não do Brasil e de seu povo, mas de alguns políticos (e botem alguns mesmo) que não precedem com lisura. Posar de 'santo' não pega bem, gritar também não. Talvez até seja bom que ele grite. Assim ficaremos sabendo que algo 'podre' poderá vir à tona."
Odette Machado (Curitiba, PR)

Reajuste dos bancários
"No dia 11/12, o TST decidiu que os salários do funcionalismo do Banco do Brasil S/A fossem reajustados em 25%. O índice estipulado pelo tribunal é cerca de 17% inferior ao obtido pela quase totalidade dos bancários. Excetuando-se o BB e a CEF, todos os demais bancos, durante o último ano, concederam reajustes salariais antecipados aos seus empregados. Aos funcionários do BB também foi negado o abono concedido aos demais bancários. Diante de tais fatos, o histerismo manifestado pela imprensa em relação à decisão da Justiça só pode ser entendido como mais um serviço prestado à desinformação. O governo, como não poderia deixar de ser, agradece."
Oswaldo Gonçalves Correa Júnior (Guarulhos, SP)

Mais verde
"Que história é essa de desativar o Parque Villa-Lobos, seja lá qual for o motivo? Estão loucos? Esse parque é frequentado por milhares de pessoas nos fins-de-semana e feriados. São Paulo tem tão poucos parques públicos, tão pouco verde em sua área urbana, que uma notícia dessas teve a capacidade de estragar o meu dia mil vezes mais do que as notícias do caso Sivam ou da pasta cor-de-rosa. Só quem costuma viajar de iates e jatinhos nos fins-de-semana (a maioria dos políticos) pode desconsiderar o engano desse ato: tirar dos paulistanos uma das suas poucas áreas de lazer e sociabilidade. O Parque Villa-Lobos é um patrimônio já entregue ao povo, e dele não pode ser tirado. Só querem ganhar dinheiro, senhores deputados? Tomem uma atitude e impeçam esse crime!"
Francisco Eduardo Britto Araujo (São Paulo, SP)

Boas festas
A Folha retribui as mensagens de boas festas que recebeu de: Rubens P. Rolla Filho, da Gazeta Mercantil Jornal S/A (São Paulo, SP); Denis de Oliveira Neves, da Editora O Dia S/A (Rio de Janeiro, RJ); Advocacia J. Saulo Ramos S/C (São Paulo, SP); Welinton Fagundes, deputado federal (Brasília, DF); Academia Brasileira de Arte (São Paulo, SP); Sindicato dos Lojistas do Comércio de São Paulo (São Paulo, SP); Fischer,Justus (São Paulo, SP); Lowe Loducca (São Paulo, SP); Gilberto Bomeny, presidente, Rubens Kochen, diretor-superintendente, e Alvaro Tejeda Schroeder, gerente-geral da WTC (São Paulo, SP); Nabor Anzanello, presidente da Orient Brasil (São Paulo, SP); Moyses Gedanke, vice-presidente e diretor-executivo da Arthur D. Little Limitada (São Paulo, SP); Companhia Melhoramentos de São Paulo (São Paulo, SP); Jorge Nishimura, do Caesar Park (São Paulo, SP); Glória Coelho, estilista (São Paulo, SP); Student Travel Bureau (São Paulo, SP); e Terezinha Gomes Angelo (São Paulo, SP).

Texto Anterior: A maratona de Maluf em Sapopemba
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.