São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 1995
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Vendas nas lojas de rua têm queda de 40%

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As lojas de ruas comerciais vivem o seu pior momento. Na Junta Comercial do Estado de São Paulo há registros de que 10.647 empresas paulistas -boa parte do comércio tradicional- fecharam as portas ao longo deste ano.
Na análise dos seus técnicos, esse número deve ser pelo menos o dobro porque pequenos lojistas -a grande maioria- não comunicam à Junta quando encerram suas atividades.
"Se informam, são obrigados a quitar dívidas com FGTS, INSS e Receita Federal", diz Jamil Naufal, assessor da presidência.
Segurança, conforto e preços baixos dos shoppings de descontos estão tirando o consumidor -já desestimulado a gastar- das ruas, dizem lojistas espalhados pelos bairros da cidade.
Tradicionais áreas comerciais de São Paulo -a 25 de Março, Brás, Bom Retiro, Santo Amaro, Alto Tatuapé, Belém e São Mateus- faturam até 40% menos do que 1994 e 15% menos do que a média de anos anteriores.
No Bom Retiro, a receita de lojas tradicionais chega a ser até 50% menor do que há dez anos.
"Não havia tantos shoppings", explica Nelson da Silva Gonçalves, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Bom Retiro, que reúne 2.500 lojas.
Ele conta que, há alguns anos, o comércio da região ficava aberto até as 22h em dezembro. Agora fecha às 18h porque não tem comprador.
"Aqui está sofrendo quem vende no varejo e no atacado. Quem quer grandes volumes de mercadorias está indo às lojas de fábrica."
Menos ônibus
No Brás, a retração das vendas é sentida pelo número de ônibus que chegam diariamente com "turistas".
Em 1994, a média diária era da ordem de 150 ônibus. Este ano caiu para 100.
"No mês de dezembro chegamos a ver 200 ônibus por dia parando por aqui", diz Wehbe Youssef Dawalibi, presidente da Associação dos Comerciantes do Brás (Acob), que reúne 5.000 pontos de vendas.
Segundo ele, o rodízio natural de donos de lojas nunca passou de 6% do total de estabelecimentos. "O dinheiro sumiu do mercado."
No Belém, especialmente nas lojas que ficam no largo São José, ponto nobre do bairro, as vendas caíram 40% neste ano em relação ao ano passado.
Comerciantes tradicionais, diz ele, só estão esperando terminar o ano para fechar. Restava ainda o consumo do Natal, que ainda está sendo contabilizado.
Carlos Alberto Biadolla, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de São Mateus, que reúne 1.500 lojas, diz que os comerciantes da região estão literalmente "entregando os pontos".
As vendas neste ano, conta ele, caíram 40% sobre as do ano passado. Há tantas lojas para locação no bairro, diz, que o preço do aluguel dos imóveis caiu pela metade. "Não há pretendente."
Ivanilda Maria Torres Silva, presidente da União dos Comerciantes de Santo Amaro, que reúne cerca de 1.000 lojistas, diz que "o comércio de rua tem de reagir.

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sobre comércio de rua à pág. 2-3

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