São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 1995
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Brooks retoma atração pela angústia

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um dia excepcional para a média dos filmes exibidos nas TVs, ao menos dois se destacam: "Os Irmãos Karamazov", de Richard Brooks, e "Por Quem Os Sinos Dobram", de Sam Wood.
"Karamazov" (Gazeta, 22h30) é adaptação da magistral obra do escritor russo Fiodor Dostoievski: a vida na Rússia dos czares mostrada pelas paixões -e desilusões- de uma família.
Sob as mãos de Brooks, um diretor fascinado pelas relações afetivas e as neuroses geradas por elas, o romance é utilizado de sua melhor forma: sem qualquer tipo de invencionice.
Os personagens e suas motivações são o que há de mais presente em toda a história. A matéria de Brooks ainda é a angústia, assim como foi antes para Dostoiévski, nesse que é um dos mais belos filmes do diretor.
Outra adaptação literária é o destaque da Globo, que exibe na madrugada "Por Quem os Sinos Dobram" (1h50).
No lugar da Rússia, desta vez o cenário é a Espanha, no período da guerra civil que tomou o país no final dos anos 30.
Mas uma Espanha filtrada pelo olhar do escritor Ernest Hemingway, o que significa estarmos na terra da coragem e da bravura. Uma leitura que Hemingway sempre fez do mundo e que se transfigura na mão do diretor Wood.
Em lugar do heroísmo temos o romance, o que dá o tom de todo o relacionamento entre o soldado americano e a jovem espanhola, fazendo da revolução e seus ideais apenas um pano de fundo para o casal.
O grande problema do filme é acreditar que as duas idéias -a ternura e a guerrilha- sejam necessariamente contrárias. Mas ainda temos um pouco Hemingway, e também de Gary Cooper e Ingrid Bergman, em um dos seus momentos mais belos.

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