São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 1995
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Mortes pela chuva chegam a 40

CARLOS ALBERTO DE SOUZA; MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O número de mortos devido às chuvas que atingem as regiões Sul e Sudeste do país desde a última sexta-feira pode chegar a 71 -40 mortes já foram confirmadas.
Em Santa Catarina, 22 corpos já foram resgatados (sendo 16 ontem) e 31 pessoas estão desaparecidas. A Defesa Civil e os prefeitos das cidades atingidas consideram nulas as chances de os desaparecidos estarem vivos. No Rio Grande do Sul, três morreram na sexta, e um, no domingo.
Ontem, dez pessoas morreram em desabamentos na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Na segunda-feira, as chuvas já haviam vitimado outras quatro pessoas (leia texto abaixo).
O governador de Santa Catarina, Paulo Afonso Vieira (PMDB), deve sobrevoar de helicóptero hoje, pela primeira vez, a região sul do Estado, onde foi montado um posto avançado da Defesa Civil, em Araranguá, para dar assistência.
O número de desabrigados passou de 6.000 para 14 mil, e o de municípios atingidos, de 18 para 31. Ontem choveu de forma intermitente no sul de Santa Catarina. A BR-101, que liga o Estado ao Rio Grande do Sul, continuou fechada por causa da água na pista.
Cerca de 70 pessoas que estavam ilhadas em municípios da região sul do Estado foram resgatadas ontem pelos dois helicópteros contratados pelo governo. O vice-prefeito de Timbé do Sul, Valentim Colodel, disse que ainda há cerca de 20 pessoas isoladas.
"Não estamos tendo a atenção devida dos helicópteros. Estamos apreensivos e sendo cobrados pelos parentes dos ilhados", disse.
À tarde, o prefeito local, Iduíno Mondardo, foi ao enterro de duas pessoas mortas por afogamento. Colodel disse que o prejuízo na área rural foi total. "A enxurrada provocou o desabamento de um morro e isso levou toda a lavoura de fumo, milho, feijão."
No Rio Grande do Sul, segundo a Defesa Civil, havia 1.200 desabrigados em Camaquã, Cristal e Cerro Grande do Sul, municípios da região sul do Estado. Parte das populações locais estão água, luz e telefone. A BR-116, que liga Porto Alegre a Pelotas, foi destruída em três pontos e deve levar no mínimo 15 dias para ser recuperada.
Moradores de Maquiné, no litoral norte, também estão isolados pelas inundações. Três helicópteros do Comando Militar do Sul eram esperados pelo governo para trabalhar ontem no auxílio aos desabrigados, removendo-os e distribuindo alimentos e agasalhos.
Auxílio
A governadora em exercício do Paraná, Emília Belinati (PDT), colocou a Defesa Civil do Estado à disposição dos governos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ela se antecipou a um protocolo de intenções a ser assinado em 19 de janeiro, em Campo Grande (MS), assegurando ajuda aos Estados do Codesul (Conselho do Desenvolvimento do Extremo Sul).
"Quando se trata de salvar vidas, não importa o governo ou o Estado. O importante é mandar ajuda", disse a governadora em exercício, que falou por telefone com o governador de Santa Catarina, Paulo Afonso Vieira.
A Defesa Civil do Paraná possui dois helicópteros, dois aviões, quatro camionetes, kits com medicamentos básicos e lonas plásticas.
Hoje devem ocorrer chuvas em toda a faixa leste das regiões Sul e Sudeste, com exceção do RS, onde o tempo começa a melhorar.
Em São Vicente, no litoral de São Paulo, o comerciante Ettore Carlos Moretti, 39, morreu na tarde de ontem atingido por um raio.
(Mônica Santanna)

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