São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 1995
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Polícia busca ex-juiz do 'caso da fita'

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma operação policial tentou ontem, sem sucesso, levar o ex-juiz de futebol Wilson Roberto Catani para depor na Delegacia Geral de Polícia de São Paulo.
O depoimento, que faz parte do inquérito do caso da "fita do suborno", estava marcado para as 16h, mas Catani não foi achado.
O ex-juiz é suspeito de ter coordenado um suposto esquema de fraude de arbitragens que teria ajudado o Botafogo-SP no Campeonato Paulista da Série A-2. O Botafogo terminou em terceiro e subiu para a Série A-1.
O advogado de Catani, José Izar, já havia adiantado anteontem a ausência de seu cliente.
Ele havia dito que Catani está se recuperando de uma pequena cirurgia e que só recebera a intimação naquele mesmo dia.
O advogado disse também que não poderia comparecer, pois está em Porto Seguro, cidade do litoral sul da Bahia.
Mas, ao contrário do que Izar informara, o depoimento não foi adiado.
O delegado Silvio Tinti, que chefia o inquérito, ordenou que um carro do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) fosse buscar Catani em casa, mas ele não estava lá.
"Ele vai ser convidado a vir. Mas, se não quiser vir por bem, vamos trazê-lo à força", disse, às 15h20.
No final da tarde, porém, Tinti reconheceu o insucesso da operação, mas declarou que vai repeti-la hoje. "Este é um momento oportuno para ouvi-lo."
Caso Catani continue se recusando a depor, o delegado ainda tem o poder de pedir a prisão temporária de Catani, para colher seu depoimento. Ele afirmou, porém, que ainda não pensou nisso.
Ao saber que o delegado havia tentado obter o depoimento de Catani, Izar mostrou irritação.
"Ele me disse que o depoimento havia sido adiado!", exclamou. "Combinamos que Catani só iria falar depois de 7 de janeiro."
Tinti contou à Folha uma versão diferente. Afirmou que não se comprometeu ao adiamento e que ao conversar, ontem de manhã, com o promotor Antonio Alvarenga Neto, decidiu mantê-lo.
O delegado acrescentou que nesse depoimento não é necessária a presença do advogado do depoente.
Izar disse, porém, que Catani não irá sem ele. "Não vou deixar meu cliente se expor ao ridículo."

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