São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 1995![]() |
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Cineasta lança novo longa
AMIR LABAKI
A impressão inicial é que o novo filme dá sequência sem grandes novidades à obra greenawayana. A experiência com edição eletrônica por computador de "A Última Tempestade" (Prospero's Books) é aqui aplicada a uma trama lítero-erótica à moda "O Cozinheiro, O Ladrão, Sua Mulher e Seu Amante". A multiplicidade de telas simultâneas de textos e imagens não mais se compõe em camadas como num palimpsesto audiovisual, mas sim em séries de janelas de diversos tamanhos e formatos. A leitura ganha nitidez sem perder impacto. Adaptando um texto quase milenar da literatura japonesa, Greenaway desenvolve a original estratégia de sua versão para "A Tempestade" de Shakespeare. O texto escrito na tela ilustra mais do que comenta a dramatização do livro. A diferença é que aqui Greenaway amplia a liberdade de sua adaptação, transferindo a história para a atualidade e usando o livro como referência interna desta trama contemporânea. O texto clássico é o diário fragmentado de uma servente da realeza nipônica. Greenaway o verteu para o diário de uma jovem que ascende socialmente trabalhando nos bastidores do mundo da moda. Seu grande sonho é tornar-se escritora como o pai. Precisa dominar a arte japonesa da caligrafia. Para tanto, oferece a pele de seu corpo como rascunho vivo. Ultrapassada a primeira etapa, escreve os treze livros de sua primeira obra nos corpos de diversos amantes e voluntários. "A metáfora central é o corpo como livro e o livro como corpo", frisou Greenaway. A divisão do diário original em listas (coisas que encantam, que irritam etc.) não poderia ser mais greenawayana. O filme a desenvolve, estruturando a panorâmica sobre 28 anos de vida da protagonista a partir de uma lista de namorados e situações centrais. O próprio livro escrito por ela encadeia treze características essenciais de um amante (mistério, paixão, etc.). Ao fim, apesar da estrutura episódica e não-cronológica, "The Pillow Book" combina com raro sucesso fluência e experimentação. Talvez seja esse o principal progresso do novo Greenaway. (AL) Texto Anterior: Peter Greenaway seleciona filmes brasileiros Próximo Texto: A prosperidade requer equilíbrio Índice |
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