São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 1995
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Agruras burocráticas; Correios; Exagero; Golpe mortal; Perguntinha; Cartilha; Esclarecimento; Boas festas

Erramos: 05/01/96
A cidade de Paranavaí fica no Estado do Paraná, diferentemente do que foi informado na carta "Correios", publicada à pág. 1-3 ( Opinião) de 29/12.
Agruras burocráticas
"Josias de Souza conta (Folha, 27/12) que há três meses busca, sem sucesso, cópia de certo relatório governamental sobre as universidades. Falou com ministros, com altos funcionários, e nada. Essa história é exemplar. Primeiro, por mostrar como nossos agentes públicos desprezam impunemente a Constituição, que garante a todos o direito de receber informações dos órgãos públicos. Depois, por lembrar que a maioria dos cidadãos não crê nos instrumentos criados para o exercício e a garantia de seus direitos, como o de obter certidões do Poder Público. Poucos, muito poucos, percebem que Estado de Direito e Constituição são instituições indissociáveis. De tanto falar mal da sua (sempre essa tendência, tão nossa, para a autodestruição!), os brasileiros ainda acabarão se convencendo de que é melhor viver sem Constituição alguma. Mudanças em nossa Carta talvez sejam necessárias e estão sendo discutidas pelo Congresso, como deve ser. Mas ninguém pode seduzir-se pela tese, implícita em tantos discursos, de que primeiro é preciso mudar a Constituição para só depois cumpri-la. As agruras do jornalista da Folha, tentando em vão com o Poder Público o cumprimento de seu dever constitucional de informar, é demonstração dos efeitos dessa idéia."
Carlos Ari Sundfeld, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Público (São Paulo, SP)

Correios
"Em 25/9 foi publicada na seção 'A Cidade é Sua' reclamação da leitora Monaliza Okada sobre atraso na entrega de pacote confiado à DHL. Segundo a sra. Monaliza, a referida empresa garantiu a entrega em 48 horas, porém a mesma foi entregue oito dias depois. Na resposta da DHL publicada no mesmo dia seu diretor comercial, Antonio Wrobleski, transfere a responsabilidade do atraso, de forma improcedente, para os Correios. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos realizou apuração do caso, na qual foi constatado que a sra. Monaliza Okada efetivamente enviou uma encomenda, destinada à cidade de Paranavaí (SP), em 24/8, por meio da empresa DHL. A DHL, por razões que desconhecemos, postou tal encomenda nos Correios, como Sedex, fazendo-o, porém, somente no dia 5/9, em Curitiba (PR). O Sedex foi entregue rigorosamente dentro dos padrões de qualidade dos Correios, ou seja, em 6/9 (um dia após a postagem)."
Edson Comin, diretor regional da ECT/DR/SP (São Paulo, SP)

Exagero
"Desta vez o sr. Bresser Pereira exagerou! Seu artigo 'Reformas: França e Brasil' foi longe demais. Suas afirmações são eivadas de meias verdades. Antes de tudo o maniqueísmo em considerar quem é a favor como certo e quem se opõe como extremista, corporativista ou qualquer outro tratamento pejorativo. Por outro lado, a certeza absoluta que tenta induzir contrasta fortemente não só o espírito científico, mas a dinâmica de uma área tão instável como a economia. Quando fala do privilégio da aposentadoria dos servidores 'esquece' de informar que o governo, ao não recolher o FGTS da categoria, os priva de um direito estendido a todos os demais trabalhadores e quando, numa espécie de 'terrorismo oficial', aumenta a bur(r)ocracia ou ameaça tirar a limitada compensação da aposentadoria integral, provoca uma enxurrada de aposentadorias precoces que está comprometendo seriamente não só a estrutura de universidades e institutos de pesquisa como o próprio futuro do país."
Ari Antonio da Rocha, secretário regional da SBPC-RN (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e vice-presidente da Academia Norte-rio-grandense de Ciências (Natal, RN)

Golpe mortal
"Eu era francamente favorável ao Projeto Sivam e achava que os críticos, especialmente o professor Rogério Cézar de Cerqueira Leite, por ter feito doutorado em universidade francesa, talvez estivessem contrariados com a vitória de uma empresa americana na concorrência para instalação do sistema de proteção da Amazônia. Com o passar do tempo, e nem tanto pelos problemas éticos que foram expostos, mas especialmente pelas falhas técnicas apontadas pelo referido professor da Unicamp, passei-me, de malas e bagagem, para o campo contrário. Para mim, e creio que para a maioria dos que vem acompanhando o caso Sivam através da imprensa, o artigo do professor Cerqueira Leite 'Sivam e o Ford bigode' (27/12) representa um xeque-mate para os defensores do contrato com a Raytheon e um golpe mortal no Sivam."
José Alfredo A. Leite (João Pessoa, PB)

"Senhor Fernando Henrique Cardoso, nós, cidadãos comuns, sabemos que sua viagem à China foi em busca de um coadjuvante à sua pretensão de fazer parte do Conselho de Segurança da ONU. Sabemos, também, que a palavra final será dos Estados Unidos. Mais ainda, sabemos que a moeda de troca para o apoio de Clinton será deixarmos a CIA monitorar a Amazônia por meio do Sivam. Que tal explicar à nação, claramente, quais as vantagens da troca da soberania sobre a Amazônia pelo assento no CS?"
Jayro Eduardo Xavier (São Paulo, SP)

Perguntinha
"Uma pergunta para Dualib e companhia: se fosse para sua empresa os senhores contratariam o funcionário Edmundo?"
Rodolpho Telarolli (Araraquara, SP)

Cartilha
"Cardoso, em algum lugar do seu atual périplo mundial, disse que havia recebido 34 milhões de votos para governar o país 'como lhe parecer'. Só pelo arrogante autoritarismo da frase já merece críticas acerbas. Já pelo seu significado o mínimo seria uma punição política. Porque existe uma Constituição que delimita os poderes e deveres dos governantes e, em segundo lugar, porém mais importante talvez, os 34 milhões de votantes (agora infelizmente transformados em imbecis) não deram seus votos a uma pessoa, mas sim a um programa de governo, programa que o mesmo Cardoso pisoteou e agora governa com a cartilha neoliberal empalmada naquela mão de cinco dedos que usou na campanha."
José Silvio Bonini (Bauru, SP)

Esclarecimento
"A tal pasta cor-de-rosa, com a lista dos candidatos da Febraban, teve o mérito de esclarecer uma dúvida que ainda pairava na cabeça de muita gente: a razão para o nosso governo injetar tantos bilhões de reais dos cofres públicos em bancos privados. Agora fica documentadamente claro que os banqueiros são os sócios majoritários dessa sociedade chamada 'governo brasileiro', integrada também por empreiteiros de obras públicas, usineiros, latifundiários, donos de empresas de transporte, demonstrando assim porque os nossos homens públicos, em sua maioria, só defendem interesses privados."
Iracilda de Fátima Amorim (São Paulo, SP)

Boas festas
A Folha retribui as mensagens de boas festas que recebeu de: Katsuyuki Tanaka, cônsul geral do Japão em São Paulo; Gustavo Krause, ministro do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (Brasília, DF); Yael Ravia, cônsul de Israel; Ika e Luiz Antonio Fleury Filho, ex-governador de São Paulo (São Paulo, SP); A. Hadi Balik, cônsul geral da Turquia (São Paulo, SP); João Alberto Ianhez, grupo Fenícia (São Paulo, SP); Ursicino Queiroz, deputado federal pelo PFL-BA (Brasília, DF); Arthur Lundgren Tecidos S.A. e Casas Pernambucanas; Sony Music (São Paulo, SP); Air France; Amway do Brasil Ltda. (São Paulo, SP); Maria Alba Vega, assessora de imprensa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Brasília, DF); Boucinhas & Campos - Auditores e Consultores.

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