São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 1995
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Dissidente relata esquema de envio de divisas

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O pastor Carlos Magno de Miranda, dissidente da Igreja Universal do Reino de Deus, disse ontem que parte do dinheiro recolhido dos seguidores de Edir Macedo foi remetido ao exterior por meio da Casa Piano, do Rio de Janeiro.
A Universal nega a denúncia. A Folha não conseguiu localizar Jorge Piano, proprietário da Casa Piano.
Segundo Carlos Magno, a empresa era encarregada de transferir os recursos depositados numa conta específica no Brasil. "Automaticamente, o dinheiro era creditado em dólar em Nova York", afirmou o pastor.
Só a região Nordeste, então liderada por Miranda, recolhia dos fiéis o equivalente a US$ 800 mil por mês naquele período, disse.
"Depositávamos uma parte no caixa único da Universal, em São Paulo, e outra parte mandávamos para a Casa Piano", afirmou o pastor. Ele, no entanto, não apresentou nenhum documento ou comprovante dos depósitos.
Carlos Magno também não soube dizer quanto teria sido remetido ao exterior no período em que esteve na igreja. O pastor disse que, se a Receita Federal rastrear as contas da igreja, "vai chegar lá".
A ordem para que o dinheiro fosse creditado na Casa Piano, disse Miranda, partiu de Edir Macedo "em 88 ou 89" e teria sido comunicada aos líderes regionais por uma secretária dele.
"A partir de agora, façam o envio para a Casa Piano, liguem, falem com o seu Nuno, depositem e me avisem quanto depositaram", disse o pastor sobre a ordem que supostamente teria recebido de Macedo por meio da secretária.
O pastor afirmou que só soube do destino dos recursos "no final de 89 ou início de 90", quando teria viajado a São Paulo para assumir o controle da Igreja Universal no Brasil, a pedido de Macedo.
"Fui comunicado então que o dinheiro ia para Nova York e que os líderes regionais entrariam em contato comigo para dizer: 'tantas folhas de alface (um código para relatar o equivalente em dólar depositado)"', disse Miranda.

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