São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 1995
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Collor viabilizou compra da Record, diz pastor

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O pastor Carlos Magno de Miranda disse ontem que o ex-presidente Fernando Collor de Mello teria simulado uma sociedade com o bispo Edir Macedo para viabilizar a compra da TV Record.
Segundo Miranda, a divulgação da suposta associação entre Collor e Macedo teria sido feita para contornar um impasse entre a Igreja Universal e os grupos Silvio Santos e Machado de Carvalho, antigos proprietários da emissora.
A igreja, disse Miranda, corria o risco de ter cancelado o contrato de compra da TV por não obter uma carta de fiança de um banco: "Não apresentando a carta, o negócio estaria desfeito".
"Foi aí que surgiu a idéia de pedir ajuda ao presidente Collor, que já estava eleito, mas não havia sido diplomado", disse Miranda. A Universal, afirmou ele, havia apoiado o ex-presidente durante a campanha eleitoral. Para Miranda, o apoio da Universal foi determinante para a eleição de Collor.
"Ligamos para a Casa da Dinda e o Alberto Haddad, que intermediou a venda da Record, falou com o Cleto Falcão, explicou o problema e perguntou se o presidente não poderia nos receber."
Falcão teria dito que sim e, no mesmo dia, os líderes da Universal viajaram para Brasília, segundo Miranda, onde foram recebidos por Collor na Casa da Dinda.
Explicado o problema, Collor chamou Rosane: "Ele pediu para ela chamar o Paulo César Farias, que não tinha a fama de agora. PC vestia uma roupa simples, sandália, inclusive". Segundo ele, Collor orientou PC a resolver o caso.
Três dias depois, numa reunião entre a Universal e os antigos donos da Record, Paulo Machado de Carvalho Filho teria alertado Silvio Santos sobre um telefonema dado por PC a Guilherme Stoliar.
No telefonema, PC teria dito que Collor era sócio de Edir Macedo na compra da emissora. Com a informação, Silvio Santos teria concordado em manter o negócio, sem a necessidade de um avalista. Segundo Miranda, Macedo e Collor voltaram a se encontrar "várias vezes" depois disso.

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