São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 1995
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FHC promete mais recursos à área social

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REDAÇÃO

Presidente faz balanço positivo da sua gestão e promete apressar reforma agrária; Sivam e pasta rosa são omitidos
O presidente Fernando Henrique Cardoso fez ontem um balanço positivo do seu primeiro ano de governo e prometeu destinar 70% dos recursos do Plano Plurianual (1996/99) para a área social.
As principais críticas ao governo se referem à falta de recursos para a área social.
O presidente apontou o Plano Real como responsável pela queda da inflação. "Não vamos deixar que a inflação volte. O governo vai continuar as reformas na economia e a controlar melhor os gastos", disse o presidente, em pronunciamento levado ao ar ontem, às 20h, em cadeia de televisão.
O discurso não contém nenhuma menção aos escândalos do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) e da pasta cor-de-rosa, que atingiram o governo federal neste final de ano.
Em lugar de falar em crise, FHC prometeu acelerar o programa de reforma agrária e realizar mais investimentos na área social.
"Hoje temos condições de fazer os investimentos necessários, porque temos uma política clara: gastar mais e melhor nos programas sociais".
Segundo o presidente, mais crianças estão recebendo merenda nas escolas e aumentou o número de agentes comunitários na área de saúde, de 29 mil para 40 mil.
Ele disse que o governo está enfrentando os problemas sociais. Em meio aos índices citados em seu discurso, o presidente deu um recado para a oposição ao afirmar que o governo está ganhando "a batalha contra o pessimismo".
"No início, ninguém acreditava que nós conseguiríamos acabar com a inflação. Mas mostramos que, com um bom plano, com o apoio do Congresso e a participação da população, isso foi possível", discursou.
Segundo FHC, não houve perdas salariais para os trabalhadores este ano.
"Na verdade, foi o oposto que aconteceu: os preços ficaram estáveis e os salários passaram a valer mais. E nós pudemos depois aumentar também o salário mínimo", afirmou.
Ainda em tom otimista, o presidente disse que as mudanças constitucionais aprovadas pelo Congresso -quebra do monopólio estatal do petróleo e das telecomunicações- vão levar o país ao crescimento, com geração de novos investimentos.
"Agora, estamos avançando na reforma administrativa e na da Previdência, depois virá a tributária", disse.
Antes de encerrar o discurso, desejando feliz ano novo aos brasileiros, FHC afirmou que "tudo o que o governo fez a partir do Plano Real está promovendo uma das maiores distribuições de renda da história de nosso país".
Rádio
O conteúdo do discurso que está programado para ir ao ar em cadeia de rádio hoje às 7h é quase o mesmo do pronunciamento na TV de ontem à noite. Varia a forma. As frases para o rádio, por exemplo, são em geral mais curtas.
FHC também busca mais intimidade no rádio: "Como você viu", começa o discurso. Para a TV, geralmente vista em família no horário nobre, o presidente se dirige a "vocês".
Se na TV FHC fala aos país, no rádio se dirige a "você que é mãe" para falar da área de saúde. Boa parte da audiência do rádio é feminina.
No rádio, o discurso também é mais personalista: "Eu vou trabalhar para que a inflação caia ainda mais", afirma FHC.
O discurso no rádio é mais simples, com menos números, grandes ou pequenos.
No rádio, num esforço didático, FHC explica o que é Plano Plurianual, "uma espécie de programa de governo para o período que vai de 1996 até 1999.
As diferenças na forma não impedem que o conteúdo seja rigorosamente o mesmo: o presidente acha o seu governo muito bom.

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