São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 1995
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Redes perdem poder de ditar preços, diz pesquisa

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Grandes redes de supermercados estão perdendo, dia-a-dia, o poder de ditar preços.
Ao fixarem o valor de suas mercadorias, elas estão de olho no que as lojas mais próximas fazem, sem levar em conta o tamanho da concorrência.
Acompanhar de perto os preços da concorrência tornou-se uma prática comum das lojas, antes mesmo da entrada no mercado brasileiro da rede norte-americana Wal-Mart em novembro, que sacudiu o varejo.
Isso é o que revela pesquisa feita pelo Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (Provar), em setembro deste ano.
Para chegar a essa conclusão foram entrevistados oito supermercados, com 181 lojas espalhadas pelas cinco regiões do país. Juntas, essas empresas devem faturar este ano US$ 4 bilhões, ou 10% das vendas do setor.
A maioria (cinco empresas) admitiu que a concorrência tem grande influência na fixação de preços. Duas redes, no entanto, informaram que outros supermercados têm influência relativa.
Segundo José Augusto da Silveira, pesquisador do Provar e um dos responsáveis pela pesquisa, apesar de estarem preocupados com as cotações da concorrência, os supermercados não querem entrar em guerra de preços declarada.
Questionados se o preço é o principal fator responsável pelas vendas, apenas um concordou plenamente (entre oito consultados). A maioria, porém (cinco empresas), admitiu em parte que o preço é o principal fator para alavancar vendas. Duas empresas discordaram em parte da questão.
"Confessar uma guerra de preços é muito ruim para o empresário", diz Silveira.
Segundo ele, o preço continua sendo o principal argumento de vendas. Mas, com a relativa estabilidade da economia, outros ingredientes, como prazo de pagamento, variedade, sortimento de produtos e localização da loja, começaram a ser levados em conta pelos consumidores.

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