São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 1995
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A América é do Grêmio

JUCA KFOURI

Não adianta negar. O time mais bem-sucedido do continente americano neste ano foi o Grêmio.
Ganhou o título mais importante de todos os disputados por clubes brasileiros e agora pode se orgulhar de um bicampeonato que só o Santos de Pelé e o São Paulo de Raí possuem.
A façanha gremista, aliás, tem um aspecto que a torna ainda mais difícil que as de Santos e São Paulo, bicampeões em anos seguidos, com praticamente o mesmo time, a mesma base. A do Grêmio, não. Doze anos separaram as conquistas, revelando uma mentalidade que tem muito a ensinar a todos os clubes do país.
Tanto em 1983 como em 1995 a direção tricolor teve coragem de fazer uma clara opção, estabelecendo como meta ganhar a Taça Libertadores da América e, depois, o mundial de clubes. O que viesse a mais seria lucro.
Neste ano, por sinal, o lucro não foi pequeno. Um vice na Copa do Brasil e o título gaúcho, mesmo com os reservas.
Mas a campanha gremista na Libertadores é histórica.
Foram oito vitórias, quatro empates, apenas duas derrotas, ambas para o Palmeiras.
A segunda delas inesquecível, por 5 a 1, na conta exata para chegar às finais.
Marcou 29 gols, mais de 2 por jogo, sofreu exatos 14, um por partida.
Não deixou nenhum grande nome para a história, nem mesmo o de Jardel, artilheiro da Libertadores com 12 gols.
Deixou, isso sim, um grupo para a história, comandado pelo polêmico treinador Luís Felipe Scolari, outro pragmático que entendeu como se faz para vencer uma Libertadores quando o talento é menor que a vontade de ganhar.
Aquele Grêmio que derrotou o Nacional de Medellín uma dúzia de anos depois de ter vencido o Peñarol já nem existe mais.
Não importa.
Importa saber que, enquanto todos comemoramos a entrada de um novo ano, no Olímpico, certamente, tem gente pensando em como trazer o tri, esse sim, título inédito para um clube brasileiro na Libertadores.
E o Ajax vira um problema para mais tarde.
Porque se foi inegável a frustração causada pela derrota nos penais diante da bela equipe holandesa, não é menos verdade que o Grêmio pôde vencer em Tóquio, ainda no tempo normal de jogo.
Porque, jogando ou não à brasileira, não há um time do futebol mundial que não respeite a camisa azul, preta e branca dos gaúchos.
A camisa do maior vencedor entre os clubes brasileiros no ano santo de 1995.

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