São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995
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Calmon de Sá 'esquece' o Econômico com pescarias

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Cansado da novela que envolve a intervenção do seu Banco Econômico, Ângelo Calmon de Sá tem dedicado cada vez mais tempo às pescarias, sua maneira predileta de "fugir" da crise.
Os amigos admiram a tranquilidade que o banqueiro tem alcançado. Principalmente quando navega nas águas do Morro de São Paulo, o seu paraíso no litoral baiano.
É lá que o dono do Econômico costuma fazer o seu refúgio para pensar sobre as dificuldades que passou a enfrentar nos últimos meses, sob o signo da intervenção do Banco Central.
Além do descanso, o banqueiro busca também as competições amadoras de pesca no mar. No município de Valença (100 km ao sul de Salvador), o banqueiro venceu recentemente um torneio desse esporte, mas não compareceu para receber o troféu.
Seus adversários em Salvador atribuem a ausência do banqueiro-campeão ao temor de sofrer ataques da platéia. Calmon de Sá não comenta o assunto.
Ele conta com os amigos que continuam ao seu lado para enfrentar qualquer obstáculo.
Na noite de Natal, por exemplo, estava prestigiadíssimo: reuniu 60 convidados na sua casa, no bairro do Garibaldi, para uma festa que foi anunciada pela família como "modesta", em comparação com jornadas anteriores.
Nos passeios por Salvador, o banqueiro ainda consegue o respeito e a reverência de muita gente, mas já começa a passar por situações que não imaginava que pudessem ocorrer no seu próprio terreiro.
Recentemente, entrou para jantar no restaurante Gan, no bairro do Garcia, e recebeu uma perturbadora vaia dos clientes.
Calmon de Sá sofreu também no local em que costumava ser recebido com elogios e exaltados sonetos barrocos, a Academia Baiana de Letras.
Lá, o banqueiro esteve recentemente para o lançamento do livro "Memórias", do seu parente Pedro Calmon, mas não foi festejado como antes. Teve inclusive que amargar o desprezo de alguns "imortais".
Estes episódios doeram mais, muito mais, segundo amigos do banqueiro, do que os ataques que ele tem recebido do senador Antônio Carlos Magalhães, citado na pasta cor-de-rosa como beneficiado pelo esquema de campanha eleitoral do banco.
Entre os políticos da Bahia, aliás, quase ninguém acredita que sejam "para valer" os adjetivos "desqualificantes" despachados por ACM contra Calmon de Sá.
Ataques mais fortes, o dono do Econômico tem recebido dos diretores do Sindicato dos Bancários. Eles o acusam de ter garantido recentemente uma aposentadoria de R$ 25 mil.
O dinheiro estaria saindo dos cofres da Ecos (a caixa de previdência do Econômico). A assessoria do banco informou que o assunto diz respeito à "pessoa física de Calmon de Sá" e por isso não poderia responder sobre o caso.
O diretor da Ecos, Rivaldo Pacheco, informou, por intermédio da sua secretária, que o jornal deveria procurar a assessoria.
A Folha tentou falar com Calmon de Sá desde a tarde da última terça-feira, mas os seus assessores e empregados da sua casa disseram que não seria possível.

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