São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995
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Bailarinos convivem com baixos salários

CARLA ARANHA SCHTRUK
DA REPORTAGEM LOCAL

A baixa remuneração é o principal problema que profissionais da dança enfrentam no Brasil. O bailarino de uma companhia ganha, em média, R$ 1.000 mensais -e tem uma jornada de trabalho de oito horas diárias.
Quem insiste em sobreviver apenas como bailarino geralmente engorda o orçamento com atividades paralelas, como aulas de dança e comerciais para a televisão.
"A remuneração aqui é baixa. Para ganhar R$ 2.500 mensais, um bailarino precisa dar aulas, montar espetáculos, se virar. Na França, onde a atividade é valorizada, bailarinos recebem pelo menos o dobro", diz Rui Moreira, 32, bailarino do Grupo Corpo, de Belo Horizonte (MG).
Mesmo assim, o mercado de trabalho é concorrido. Pelo menos é o que afirma Maria Pia Finocchio, 49, presidente do Sinddança (Sindicato dos Profissionais da Dança do Estado de São Paulo).
Ela faz questão de diferenciar o trabalho do bailarino e do dançarino. Segundo Maria Pia, bailarino é quem atua em companhias e participa de espetáculos. Dançarinos trabalham em casas noturnas.
"Mas a tendência é haver um crescimento do mercado. Estamos sendo valorizados por países europeus", diz Ângelo.
O Brasil será o tema da próxima Bienal da Dança de Lyon (França), no próximo ano. O Grupo Corpo deverá se apresentar.
Segundo o bailarino Rui Moreira, o profissional brasileiro já encontra grande receptividade fora do Brasil.
Atualmente, a coreografia (montagem do espetáculo) é uma área que oferece boas oportunidades em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador -pólos de valorização da dança no país.
Em São Paulo, o coreógrafo conta com a possibilidade de ser contratado por produtoras de vídeo que fazem comerciais para a TV.
"Ainda não existe concorrência em coreografia", afirma Wilson Aguiar, 36, coreógrafo e dono da produtora Thecne Produtora de Imagens, de São Paulo.
Sua atividade é criar coreografias para comerciais de TV. Recebe entre US$ 1.000 e US$ 3.000 por trabalho.
Outra opção é dar aulas de dança. Cada sessão de uma hora custa de R$ 20 a R$ 25.
Quem pretende fazer curso superior de dança encontra poucas opções -são apenas seis cursos em todo o país.
No Estado de São Paulo, é oferecido apenas na Unicamp e na Faculdade Marcelo Tupinambá, na capital.
Em Salvador, o curso está disponível na UFBA (Universidade Federal da Bahia) -avaliado como o segundo melhor do país por alguns profissionais da área.
"Os cursos, na maioria, ainda são novos. Então, não dá para fazer uma avaliação precisa do grau de qualidade de cada um deles", pondera o bailarino Rui Moreira.

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