São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995 |
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Publicitários vêem chance para Edmundo
MÁRIO MOREIRA
A opinião é de três publicitários ouvidos pela Folha sobre as chances de o Corinthians atrair empresas interessadas em associar suas marcas ao jogador. Só assim o clube poderá lhe pagar os mesmos R$ 60 mil que recebia no Flamengo. Tanto Alex Periscinoto, da agência Almap/BBDO, quanto Celso Loducca, da Lowe, Loducca, e Lula Vieira, da VIS do Rio, acreditam que o jogador possa ser "reabilitado" perante o público. O maior entrave é o indiciamento de Edmundo sob a acusação de homicídio culposo (não-intencional), após o acidente de trânsito em que se envolveu no dia 2, no Rio, e no qual morreram três pessoas. O fato agravou a imagem de rebelde e irresponsável do jogador. "O Edmundo só poderá se recuperar se enfrentar a situação e disser que não teme ir à Justiça para provar sua inocência. Ele se autocondenará se continuar fugindo do assunto", afirma Periscinoto. Ele lembra o caso do pugilista Mike Tyson, que cumpriu três anos e meio de prisão por estupro. "Por algo bem menor, o Tyson pagou sua dívida e voltou." Para Loducca, o atacante deveria abrir mão de parte do salário como prova de que amadureceu. "Ele também precisa melhorar a sua relação com a imprensa e falar menos bobagens. Se fizer isso, pode demorar um pouquinho, mas tem jeito", acredita. Lula Vieira vê a necessidade de Edmundo adotar um modelo de comportamento "que ele não está mantendo". "A sociedade tende a endeusar seus ídolos, mas também exige que eles se comportem como deuses. Isso cria uma tensão que o Edmundo não suportou." Os três publicitários prevêem dificuldades para o Corinthians encontrar patrocinadores que ajudem a bancar a contratação do atacante. "No momento, é muito difícil transformá-lo em produto vendável. Eu tomaria muito cuidado antes de associar qualquer cliente a ele", afirma Vieira. "Qualquer campanha antes de o Edmundo assumir a sua responsabilidade seria difícil. Poderiam considerar o produto bichado", diz Periscinoto. Para Celso Loducca, investir na imagem de Edmundo é um risco. "Para a empresa, só vale se o contrato tiver um valor baixo e uma cláusula permitindo a rescisão no caso de ele fazer uma besteira. Senão, a marca vai junto." Ele acha, porém, que o risco pode valer a pena. "Se o Edmundo conseguir mudar, pode ser um baita negócio para a empresa." Texto Anterior: Partidas definem hoje últimos semifinalistas Próximo Texto: Corinthians confia em carisma Índice |
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