São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995
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Atletas geram 'maratona dos balconistas'

RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os prêmios da São Silvestre não são as únicas coisas que os atletas estrangeiros querem levar do Brasil para casa.
Bombons, perfumes, roupas e até artesanato aparecem como objeto de desejo dos corredores.
Apesar da voracidade, eles preferem afirmar que pretendem gastar pouco.
"Preciso levar caixas de bombons para minhas namoradas", diz o equatoriano Silvio Guerra.
Tanto ele quanto o queniano Simon Chemoiywo, bicampeão da São Silvestre, declararam que gastaram até US$ 200 em compras.
"Quero umas camisetas. Também vou comprar um relógio", disse Chemoiywo, que na estadia brasileira deste ano conterá despesas porque quer acabar as obras de dois anos de sua casa em Nairóbi.
"Preciso ganhar a São Silvestre para acabar de vez minha casa", disse o atleta.
Chemoiywo ficou particularmente interessado em uma boneca vestida de baiana. Mas só o preço dela (US$ 136) comprometia quase todo o dinheiro reservado para as compras.
Já o mexicano Germán Silva terá que gastar seu dinheiro para atender pedidos familiares.
Pai de uma filha de seis semanas, Silva promete um brinquedo em seu retorno ao México.
"No ano passado comprei um arco e flecha amazônicos para minha esposa. Não sei se ela gostou muito. Agora, ela só pediu que eu ganhasse a prova", brincou Silva.
O venezuelano Pedro Liendo recebeu um só pedido: algumas latinhas de caipirinha.
Outro líquido cobiçado é o perfume. A chilena Marlene Flores compra pelo menos um frasco em cada país que compete.
Reforçando o pelotão consumista da São Silvestre estava o brasileiro Ronaldo da Costa.
O campeão da prova em 94, apesar de se dizer botafoguense, gastou R$ 40 na compra de uma camiseta do Palmeiras.
"A camiseta do Botafogo eu quero que me dêem", disse Ronaldo, que teve a companhia de sua noiva, Carla, nos períodos livres.
O consumo parece não fazer parte do procedimento queniano.
Os astros Paul Tergat, Moses Tanui e Hellen Kimaiyo afirmam que passarão pelo país sem nem pensar em gastar seu capital em lembrancinhas.
"Fiquei impressionado com a velocidade das pessoas desta cidade. No Quênia, as pessoas andam mais lentamente nas ruas", foi a única conclusão de Tergat, depois de seus passeios pelo centro de São Paulo.
Já a fundista Hellen Kimaiyo se lamenta de sua condição.
"Nosso tempo aqui é muito limitado. Acabamos confinados no hotel e só saímos para treinar", disse.

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