São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Clinton imita Reagan para se reeleger
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
John Kennedy foi assassinado no primeiro mandato; Lyndon Johnson foi obrigado a desistir de se candidatar ao segundo; Richard Nixon renunciou para não sofrer impeachment no meio do segundo mandato; Gerald Ford, Jimmy Carter e George Bush perderam a reeleição. Por isso, embora pertençam a partidos que se opõem, Reagan é o modelo de Bill Clinton para a eleição presidencial do ano que começa amanhã. Os estrategistas da Casa Branca estão usando a campanha de Reagan em 1984 como o exemplo a ser seguido, e a de Bush em 1992 como o exemplo a ser evitado por Clinton até novembro. As chances de Clinton, 49, se reeleger parecem muito melhores agora do que há um ano: seus índices de aprovação pública se mantêm baixos, mas subiram, a economia continua indo bem (crescimento moderado, inflação sob controle, desemprego estabilizado), a imagem do Partido Republicano (de oposição), que em 1995 assumiu o controle do Congresso, se deteriorou. Mais importante em termos eleitorais: ninguém no seu partido, o Democrata, se animou a desafiar Clinton, que vai enfrentar a oposição sem ter de se preocupar com dissensões internas (ao contrário de Johnson, Carter, Ford e Bush). Ainda mais significativo para as suas esperanças em novembro: o homem que todas as pesquisas de intenção de voto apontavam como o único em condições de derrotá-lo, o general Colin Powell, desistiu de concorrer. Claro que a política é um processo dinâmico e que tudo pode acontecer em 11 meses. Em janeiro de 1992, George Bush era o mais popular presidente da história recente. Acabou derrotado. Armadilhas para Clinton estão em vários lugares. Na Bósnia, por exemplo. Se a intervenção militar dos EUA, decidida contra a maioria da opinião pública, custar muitas vidas norte-americanas, pode vir a ser para Clinton o que o Vietnã foi para Johnson. Whitewater, por enquanto, não parece ameaçar o futuro eleitoral do presidente. Mas a apuração do caso mal começou. Seu imprevisível ex-sócio James McDougal e seu pouco confiável sucessor no governo de Arkansas, Jim Tucker, vão a julgamento no primeiro semestre deste ano. Poucos acreditavam que Watergarte pudesse derrubar Richard Nixon até que alguns dos integrantes de seu círculo íntimo sentiram o peso da Justiça e resolveram entregá-lo. Embora a economia vá bem, a maioria do país continua desconfiada da capacidade de liderança de Clinton, como as moderadas vendas de Natal confirmaram. Qualquer pane econômica pode provocar pânico. A crise do Orçamento, que por enquanto vem beneficiando a imagem pública do presidente, pode virar contra ele se persistir e vier a prejudicar camadas mais amplas da sociedade, como já começa a ocorrer. Por isso, Clinton não quer riscos desnecessários. Começou cedo a levantar fundos para sua campanha (ao contrário de Bush, em 1992) e tem cortejado o pastor Jesse Jackson, único democrata de porte que ainda pode desafiá-lo (embora todos os indícios sejam de que ele não o fará). Texto Anterior: Deputada britânica abandona governistas; Rejeitada renúncia de premiê italiano; Milhares recebem Arafat em Ramallah; Diana deve ter papel 'digno', diz Major; Filósofo doente quer direito de morrer; Descoberto novo gene da obesidade Próximo Texto: Perot abre crise no bipartidarismo Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |