São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995
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Saldo pouco animador; Seriedade em falta; Justiça, enfim; Dever a cumprir; Disparate; Falta de visão; Falso pacifismo; Pouco caso; Equívoco; Boas festas

Saldo pouco animador
"Excetuando-se a baixa inflação e a normalidade da moeda estável, o saldo que fica de 1995 não é muito animador. As principais questões nacionais foram postas de lado, sempre relegadas pelos fatores adversos que rondam o despropósito no gasto do dinheiro público; casos como o Sivam, CPI dos bingos e agora o da famosa pasta cor-de-rosa deveriam ser sepultados para sempre. Afinal de contas, o discurso político presente não se coaduna com a realidade vista. Esperamos que no ano de 1996 haja uma tomada de consciência quanto às reformas fiscais, tributárias, da previdência, enxugamento da máquina administrativa e a reversão caótica do quadro de insolvência da maioria dos Estados e municípios."
Carlos Henrique Abrão (São Paulo, SP)

Seriedade em falta
"Não sei se estou ficando maluco ou se este país virou um circo. O ministro da Previdência, que se aposentou aos 43 anos, após 35 anos de trabalho, gasta todo o seu tempo tentando convencer o Congresso a obrigar todo mundo a se aposentar aos 60 anos. O ministro da Reforma Agrária, banqueiro conhecido por não perdoar os pequenos produtores rurais, cobrando deles as maiores taxas de juros do planeta, ordenou à sua bancada parlamentar que aprovasse o perdão das dívidas dos grandes latifundiários com o Banco do Brasil. O ministro do Planejamento, um ex-socialista e ex-presidente da UNE, resolveu reduzir os gastos com a educação a fim de gerar caixa para pagar a dívida pública. O ministro da Saúde pediu R$ 6 bilhões para sua área. Não foi atendido em nome da austeridade fiscal. Resolveu tentar recriar o IPMF. Ficou pasmado ao saber que seus colegas da área econômica vão liberar o dobro do que ele pediu para salvar pobres banqueiros em apuros. O presidente da República mandou demitir quem 'grampeou' o telefone de um diplomata dado a más companhias e quem deixou vazar o conteúdo da pasta cor-de-rosa. Até há pouco tempo eu resisti a aceitar a afirmativa do general De Gaulle a respeito da seriedade deste país. Mas agora está ficando difícil."
Argemiro Pertence (Rio de Janeiro, RJ)

Justiça, enfim
"Finalmente um ato de Justiça correta no país da impunidade: o STF coloca em liberdade PC e seu 'sócio' Jorge Bandeira. Seria injustiça mantê-los presos quando nada foi feito contra os anões do Orçamento, o próprio Collor, as empreiteiras corruptoras, os implicados no caso Sivam, os intocáveis listados na pasta cor-de-rosa. Para a Justiça ser completa, o STF deveria condenar PC e Jorge Bandeira a prestar serviços à sociedade como 'bispos' de Edir Macedo, cuidando da contabilidade milionária da Igreja Universal. Se isso acontecesse, tenho a certeza de que Deus seria ainda mais brasileiro."
Flávio Tallarico (Descalvado, SP)

Dever a cumprir
"Antes de assumir o posto que hoje ocupa, o nosso presidente foi a minha esperança de salvação da pátria. E foi também o meu paradigma de honradez e dignidade. Quero pedir ao sr. presidente que não permita que esses dois sentimentos balancem. Cumpra, sem pestanejar, o dever de premiar o responsável pelo vazamento do conteúdo da pasta rosa e o dever de punir aqueles ali apontados como irresponsáveis representantes do povo."
M. Lourdes Almeida Contrucci (Assis, SP)

Disparate
"Se o presidente deixasse um pouco de ler Weber e recuasse outro pouco para Spinoza, poderia ler no 'Tractatus Politicus' o seguinte trecho: 'Portanto querer tratar todos os negócios públicos às escondidas do povo e, ao mesmo tempo, exigir que não emita juízos falsos, não interprete enviesadamente os acontecimentos, é rematado disparate'. Espero que FHC reflita sobre esse trecho quando reclamar de falsas interpretações da opinião pública com respeito ao Sivam, pasta rosa etc."
Paulo F.L. Cunha (Jaboatão dos Guararapes, PE)

Falta de visão
"A principal causa da queda das vendas do comércio de rua são os próprios lojistas, que nunca se preocuparam em preservar a estética e a segurança das ruas. Graças a essa mentalidade imediatista, nossa bonita arquitetura desapareceu atrás de horrorosas fachadas de alumínio, reformas de péssimo gosto e muita poluição visual. Com tanta feiúra, não é de se espantar que os consumidores estejam fugindo para os shoppings. Compra de rua só mesmo em Buenos Aires, Europa ou Miami. Senhores lojistas, preservar é faturar!"
Taís Vinha (São Paulo, SP)

Falso pacifismo
"O que pode haver de pacífico no simples ato de apitar na praia, alertando os usuários de maconha contra blitz policial? Vejamos como obter um simples e pacífico baseado: pega-se uma folha de papel de seda, esmurrega-se alguns gramas de sequestro, esparrama-se o conteúdo pela seda com alguns assaltos e roubo de carros, faz-se um rolinho bem apertado como cerco policial em favela, umedece-se a borda livre da seda com tiroteio e sangue das vítimas da violência e pronto."
Sérgio Leite (Porto Alegre, RS)

Pouco caso
"Sou descendente de imigrantes japoneses. Ao assistir ao canal SBT e à veiculação das propagandas da Telesena não pude deixar de notar o pouco caso em relação aos indivíduos de origem oriental. Somos colocados como indivíduos meramente iguais, patéticos e ironicamente risonhos. Nós, descendentes de orientais, não somos tal e qual o estereótipo. Não somos como a mídia diz. Não somos apáticos jardineiros, risonhos turistas ou submissas gueixas. Somos brasileiros que querem ser aceitos e querem aceitar o Brasil."
Hugo Akabane (São Paulo, SP)

Equívoco
"Ao questionar a informação de Gilberto Dimenstein de que o brasileiro que possui posição mais destacada nas universidades americanas é José Scheinkman, o professor Álvaro Zini Jr. (24/12) diz que Scheinkman 'nem de longe já tem seu nome inscrito junto àqueles que continuarão sendo referência de pesquisas e debates'. Não poderia ter cometido maior equívoco. Gostaria de esclarecer que os trabalhos de Scheinkman nas áreas de economia e finanças serão sempre referência não apenas na Universidade de Chicago, mas em qualquer universidade de prestígio nos EUA."
Ricardo Fleury Lacerda (Nova York, EUA)

Boas festas
A Folha retribui as mensagens de boas festas que recebeu de: Coca-Cola; Gianni Grisendi, da Parmalat (São Paulo, SP); Telma de Mônaco, do Banco Inter-Atlântico (São Paulo, SP); Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo -Secovi (São Paulo, SP); Lloyds Bank (São Paulo, SP); Rubén Acosta Hernandez, presidente da Federação Internacional de Vôlei (Lausanne, Suíça); Federação Paulista de Volleyball (São Paulo, SP); Lucy Montoro e Franco Montoro, deputado federal (PSDB-SP) e ex-governador de São Paulo (São Paulo, SP); Alfredo Corleto, do Grupo Sigla (São Paulo, SP); Saldiva e Associados Propaganda Ltda. (São Paulo, SP); Varig; Zoomp; Fundação Odebrecht (Salvador, BA); Giancarlo Bolla (São Paulo, SP); Sindeprestem -Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão-de-Obra e de Trabalho Temporário no Estado de São Paulo (São Paulo, SP); Associação dos Fumicultores do Brasil (Santa Cruz do Sul, RS); Anaipa -Associação Nacional dos Importadores de Pneus Novos e Afins (São Paulo, SP); BMG Ariola Discos Ltda. (Rio de Janeiro, RJ); HBO (São Paulo, SP); Margit England, da Lufthansa (São Paulo, SP); Giovanna Baby (São Paulo, SP); Tsutomo Sassaki, da Tenenge -Técnica Nacional de Engenharia S.A. (São Paulo, SP).

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