São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995
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Empresários fazem simpatia para encarar 96

ALINE SORDILI
EDITORA DO TUDO

Cansados de acreditar em planos e medidas econômicas milagrosas, alguns empresários se utilizam de métodos pouco ortodoxos para encarar o Ano Novo.
Com técnicas diversas de superstição, pretendem garantir a saúde financeira de suas empresas.
Algumas das simpatias -ou crenças- incluem ervas aromáticas, velas, orações, números, luas, flores e cores especiais. A mais usada, e também a mais tradicional, é vestir roupa branca na passagem de ano.
A banqueteira Neka Mena Barreto, dona da Neka Gastronomia, repetiu neste ano uma fórmula usada em 94. Fez um almoço de confraternização com os seus funcionários e usou ervas aromáticas para purificar o astral da empresa.
"Comemos todos na mesma mesa e cada um fala uma mensagem", afirma Neka, que "tem 13.153 dias" de vida ou 36 anos.
Passar o ano com dinheiro no bolso e usar roupa íntima amarela são as crenças de Fernando Pires, 41. Ele diz não acreditar em fórmulas mágicas para que suas duas lojas de sapatos continuem dando certo, mas bota fé no dito "amarelo atrai dinheiro".
A angelóloga Monica Buonfiglio não se considera supersticiosa. Mas não pode negar que o misticismo lhe rendeu bons lucros.
Aos 32 anos, Monica tem 14 franquias de sua Oficina Cultural Esotérica e fatura alto com o sucesso de seus livros. Ela recomenda aos interessados em abrir um negócio aproveitarem 1996.
"É o ano dos novos empresários. Os melhores meses para abrir uma empresa são abril, agosto e novembro", garante. Para suas empresas, Monica acende sete velas de cores diferentes.
Serpui Marie Ekizlerian, 40, dona da grife que leva o seu nome, acredita em um pouco de tudo.
"Pulo três ondas e chupo uva. Só não jogo mais flores ao mar. A última vez que fiz isso, o ano foi péssimo para a empresa."
Na loja e no ateliê, Serpui diz colocar sempre antúrios vermelhos para "levantar o astral" de seus 22 funcionários.
Outro supersticioso nato é Sergio Arno, 35. Consultou um numerólogo, que acrescentou um "g" em sua assinatura. Alugou um ponto "micado" em São Paulo e acrescentou outro "g" ao número do estabelecimento.
Arno diz andar sempre com uma pedra no bolso contra "mau-olhado", além de folhas de louro e um santinho na carteira.
Para ele, seus quatro restaurantes dão certo devido aos copos com água e sal que ficam espalhados pelos estabelecimentos. "Eles purificam o ambiente."
Já Paulo Maluhy, 46, sócio da pizzaria Cristal e dos restaurantes América, acredita em "muito incenso e pensamento positivo para purificar o ambiente".
Alguns empresários, porém, dizem não acreditar que o misticismo possa trazer boa sorte.
"Acredito em talento e dedicação. O resultado final vem da capacidade de cada um", diz Luiz Henrique Marcondes, 34, sócio do Café Cancun e do restaurante japonês Roppongi.
"Sempre passo em baixo de escada. Mas, apenas por precaução, não abriria um negócio em lua minguante." Por tradição -ou por superstição disfarçada- Marcondes diz usar roupa branca na passagem para o Ano Novo.
Assim como ele, a dona da rede Água de Cheiro, Elisabeth Pimenta, 46, "não deixa de usar roupa branca e calcinha amarela". "Mas não tenho nenhuma superstição."
Lu Pimenta, dona da Tweed -onde presidente Fernando Henrique Cardoso compra roupas- não acredita em simpatias e superstições. "Só confio no talento das pessoas."

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