São Paulo, quarta-feira, 1 de fevereiro de 1995 |
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Senador conhece a máquina ARI CIPOLA ARI CIPOLA; ADELSON BARBOSA
Lucena chegou a Brasília na sua fundação. Desde 1950, quando se candidatou pela primeira vez, perdeu uma única eleição, em 1970. A devoção dos amigos e políticos a Lucena pode ser explicada pelo fato de ele ser um político que conhece, como poucos, a máquina federal. É foco da convergência de pedidos que vão desde a transferência de servidores ao empenho em conseguir obras para a Paraíba. Segundo seu irmão Haroldo, esse perfil teria sido reforçado por Tancredo Neves, quando eleito indiretamente presidente da República. "O Tancredo escolheu um político por região do país para conduzir o preenchimento dos cargos de segundo e terceiro escalões. O Humberto ficou com o Nordeste", conta o irmão. "As bancadas estaduais enviavam os pedidos para ele e os jornais diziam que ele era quem mais cobrava cargos no país", diz Haroldo Lucena. O empenho do senador em resolver os problemas que chegam a ele acabou trazendo denúncias de nepotismo em sua carreira. Lucena já chegou a ter 12 parentes empregados no Congresso. Hoje são três filhos e uma sobrinha. Se o ex-presidente do Senado não é um milionário, tampouco é "pobre" como escreveu o advogado Saulo Ramos nesta Folha, ou um "sem-teto", conforme definiu a si mesmo quando investigado pela CPI do Orçamento, entre outubro de 93 e janeiro de 94. Ocupava dois imóveis funcionais em Brasília: a casa do presidente do Senado, que deve deixar a partir de hoje, e um apartamento, a que tem direito por ser senador, emprestado a uma das filhas e para onde está para se mudar. Como senador, recebe 15 salários de R$ 8.000,00 por ano. Segundo sua declaração de renda de 1994, entregue ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) da Paraíba e obtida pela Agência Folha, possui um apartamento de 300 metros quadrados que ocupa todo o 21º andar do edifício Pégaso, na praia de Manaíra, um dos bairros mais valorizados de João Pessoa. Seu patrimônio total declarado é de R$ 136 mil. O apartamento de Lucena, nunca habitado, foi comprado há 13 meses por R$ 131,5 mil, segundo declarou ao Fisco. No mesmo prédio, o construtor tem hoje à venda um apartamento idêntico por R$ 220 mil. A cozinha já está pronta, mas o apartamento ainda não está mobiliado. Enquanto os móveis eram confeccionados sob encomenda, a um custo superior a R$ 15 mil —o valor da dívida do senador com a Gráfica do Senado—, seus amigos em Brasília faziam uma "vaquinha" para saldar essa dívida. Lucena vai pouco à Paraíba. Costuma ter suas contas no restaurante Adega do Alfredo, seu preferido, pagas por amigos. Texto Anterior: Lucena agora propõe mudar uso da gráfica Próximo Texto: Luís Eduardo quer privilegiar as decisões no plenário da Câmara Índice |
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