São Paulo, quarta-feira, 1 de fevereiro de 1995
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Lendo e respondendo o correio eletrônico

BILL GATES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Pergunta - Quantas perguntas você recebe? Quais são minhas chances de receber uma resposta pessoal?
Resposta - Ainda não contei as perguntas, mas na semana seguinte à publicação do meu primeiro artigo no jornal eu recebi entre 200 e 300 mensagens eletrônicas.
Muitas delas eram bastante interessantes.
Não tenho como responder a todas essas cartas pessoalmente, mas posso lê-las. Se você receber uma resposta, será uma resposta pessoal, escrita por mim.
Mas de modo geral vou responder as perguntas nas páginas do jornal. Preciso reservar um pouco de tempo para dirigir a Microsoft.
Até agora as perguntas que li vieram de pessoas que enviaram correio eletrônico (e-mail) ao endereço "askbill microsoft.com".
"Askbill" é o nome especial que criei para uma caixa de correio (mailbox) especial para os leitores desta coluna. Posso ler o conteúdo da caixa de correio a qualquer momento, quando tiver tempo.
Não é uma caixa de correio concreta. É seu equivalente eletrônico —um lugar onde mensagens em e-mail são armazenadas num computador na Microsoft. Do endereço também consta "microsoft.com" porque a Microsoft é uma organização comercial.
Se minha caixa de correio pertencesse a uma instituição educacional, as últimas três letras do endereço seriam "edu", em vez de "com". Se meu endereço fosse na Universidade de Washington, por exemplo, incluiria "u.washington.edu" no nome.
Os endereços de organizações usam as letras "org". Algumas outras abreviações também são usadas.
Os endereços eletrônicos fora dos Estados Unidos geralmente terminam numa abreviação contendo duas letras, que representam o país. Por exemplo, na semana passada recebi correio eletrônico de leitores cujos endereços continham "au" (Austrália), "br" (Brunei), "ca" (Canadá), "hk" (Hong Kong), "it" (Itália), "my" (Malásia), "th" (Tailândia), "sg" (Cingapura), "uk" (Reino Unido) e "ve" (Venezuela).
Alguns endereços nos Estados Unidos terminam com a abreviação "us". Mas muitos endereços nos EUA, inclusive o da Microsoft, foram criados na época em que a Internet ainda era um fenômeno restrito quase exclusivamente aos EUA. Por isso a maioria dos endereços nos EUA omite o "us".
Quando você escrever para mim, não diga nada pessoal ou confidencial.
As comunicações na Internet não são privadas. É possível "bisbilhotar" eletronicamente. Isso vai mudar. No futuro as redes vão se tornar seguras. Mas isso ainda não aconteceu.
Por falar nisso, você não precisa enviar suas mensagens por correio eletrônico se não quiser. Os jornais que publicam esta coluna também publicam um endereço postal para correspondências dirigidas a mim.
Mas até agora nenhuma carta postal resultante desta coluna chegou à minha mesa. As cartas enviadas pelo correio sempre demoram para chegar a seu destino.
Essa é uma das grandes vantagens das mensagens por e-mail. Elas são diretas e imediatas. Você a envia e eu a recebo, na hora.
Eu leio correio eletrônico no escritório, em casa e no meu computador portátil, enquanto viajo. Na realidade, se você me enviou uma mensagem por correio eletrônico é possível que eu a esteja lendo neste exato instante.
Pergunta - O que deu em você para comprar um dos cadernos de Leonardo da Vinci?
Resposta - Da Vinci foi uma das pessoas mais incríveis que já viveu. Ele foi um gênio em mais campos do que qualquer outro cientista de qualquer época, além de pintor e escultor de primeira linha.
Seus cadernos, dos quais 21 sobreviveram, estavam centenas de anos adiante de sua época. Eles anteciparam os submarinos, helicópteros e outras invenções modernas e estão repletos de idéias originais.
Sabe-se surpreendentemente pouco sobre Leonardo da Vinci, com a exceção do que está contido nesses cadernos científicos.
O caderno que comprei contém mais de 300 ilustrações e foi compilado por Da Vinci entre 1506 e 1508, em Florença e Milão. Ele começou a trabalhar nesse caderno alguns anos depois de concluir suas pinturas mais célebres, entre elas a "Mona Lisa".
No caderno, Da Vinci faz especulações sobre hidráulica, cosmologia, astronomia, geologia, paleontologia e outros tópicos. Já li uma tradução de parte do caderno.
Comprei o manuscrito para meu próprio prazer pessoal. Fiz um lance anônimo num leilão, mas o segredo não durou muito tempo.
Não pense que vou fazer outros lances como esse. O manuscrito é único e importante para mim, porque eu me interesso profundamente por Da Vinci desde que eu tinha dez anos.
Só me arrependi do desapontamento que meu lance vencedor provocou na Itália, onde uma entidade caritativa associada a um banco tinha esperanças de trazer o manuscrito "para casa".
Acho que se eu fosse italiano, provavelmente me sentiria igual.
Mas Da Vinci foi mais do que simplesmente italiano, e esse caderno faz parte da herança cultural e intelectual do mundo inteiro. Ele deve ser compartilhado com o mundo.
Vou emprestar o caderno a museus a maior parte do tempo, a começar por um museu italiano, que vai ficar com ele por um ano.
Assim, o caderno de Da Vinci terá voltado para casa, afinal de contas, mesmo que seja apenas para uma visita prolongada.

Cartas para Bill Gates, redigidas em inglês, devem ser enviadas aos cuidados de Folha de S.Paulo, caderno Informática, pelo correio —al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, CEP 01201-001, São Paulo, SP—, ou pelo fax (011) 223-1644. A correspondência pode também ser enviada diretamente a Bill Gates no endereço eletrônico askbill microsoft.com. Tradução de Clara Allain

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