São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995
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ACM critica propaganda do governo FHC

MARIO CESAR CARVALHO; SILVANA QUAGLIO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A aprovação ao governo FHC caiu de 70% para 36% no primeiro mês de mandato porque o Planalto não está sendo eficiente em propaganda. A avaliação é do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), 67.
Os números foram revelados em pesquisa feita pelo Datafolha, publicada ontem pela Folha.
"O governo não tem sabido mostrar as medidas que derrubaram a inflação como êxito. A grande falha até o momento é de comunicação. Isso é facilmente consertável", disse ACM.
A disposição de vetar o aumento do salário mínimo (de R$ 70 para R$ 100), a provável sanção da anistia concedida pelo Congresso ao senador Humberto Lucena (PMDB-PB) e o aumento do salário de parlamentares, ministros e presidente da República contribuíram, na opinião de políticos ouvidos pela Folha, para a queda de popularidade de FHC.
Leia a seguir outras opiniões:

José Sarney (PMDB-AP), presidente eleito do Senado: "É natural que o clima de campanha não se repita durante o governo. Esses índices oscilam conforme o governo evolui. Não há com que se preocupar".
Paulo Maluf, prefeito de São Paulo (PPR): "Não vejo nada de anormal neste resultado. A primeira pesquisa sempre é feita quando o presidente está assumindo, em clima de grande expectativa. Isso falseia o otimismo".
José Genoino, deputado federal (PT-SP): "Espero que FHC leia essa pesquisa e tome consciência do anel de ferro que está se montando em torno dele. Ele se solta desse anel, que está impedindo, por exemplo, a posse dos presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, ou será refém das composições para sempre"'.
Élcio Álvares, senador (PFL-ES): "A sensação de imobilismo é equivocada. O presidente está sendo cauteloso e tem razão de agir assim. Não podia definir nada antes da definição do quadro político no Congresso".
Esperidião Amin, presidente do PPR: "Medidas aprovadas pelo Congresso em janeiro, que forçam o presidente a tomar decisões delicadas, agregadas à crise no México, certamente dificultaram o primeiro mês do governo. A única coisa que ele poderia ter feito era se declarar contra o aumento dos salários para parlamentares e primeiro escalão do Executivo".
Inocêncio Oliveira, deputado (PFL-PE): "As medidas aprovadas pelo Congresso em janeiro tiveram alguma influência na queda de popularidade. O presidente está no caminho certo. Não fugiu aos compromissos de campanha e vem dando exemplo de democracia".
Luís Eduardo Magalhães, deputado (PFL-BA), virtual presidente da Câmara: "Popularidade é sempre agradável, mas, para fazer um grande governo, como acredito que Fernando Henrique fará, o governante tem de estar pronto para assumir riscos e enfrentar quedas nestes índices vez por outra".

Colaborou SILVANA QUAGLIO, da Sucursal de Brasília

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