São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995 |
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Situação é a virtual vencedora na OAB
CLÁUDIA TREVISAN
O resultado não estava definido em quatro Estados: Amapá, Piauí e Mato Grosso. A expectativa era de que os dois primeiros ficassem com Uchôa Lima e, o último, com Zveiter. Uchôa Lima era apoiado pelo atual presidente da OAB, José Roberto Batochio, cujo nome batizou sua chapa. O candidato da oposição concorreu pela chapa "Participação Democrática". O novo presidente da OAB tomará posse em 1º de abril para um mandato de três anos —um a mais que o atual. O período foi aumentado pelo Estatuto dos Advogados, aprovado no ano passado. A defesa do estatuto é exatamente uma das principais propostas de Uchôa Lima. Algumas entidades, como a que representa os juízes, acreditam que ele concede privilégios indevidos aos advogados. No final do ano passado, o Supremo Tribunal Federal deu liminar que suspende alguns dispositivos do estatuto. A eleição realizada ontem foi a mais disputada dos últimos doze anos. Com a candidatura lançada em setembro, Uchôa Lima avaliava que sua eleição não corria riscos. Era o único candidato e tinha o apoio de 25 dos 27 Estados. O quadro começou a mudar no dia 30 de dezembro, com o registro da chapa de oposição, inicialmente encabeçada pelo advogado Aristóteles Atheniense, da OAB de Minas Gerais. A oposição ganhou a adesão de várias seccionais e, no dia 18 de janeiro, foi pedida a substituição de Atheniense por Zveiter. A nova candidatura só foi registrada na última quarta-feira, uma semana antes da eleição. Apesar de vencedor, Uchôa Lima não teve o apoio das seccionais mais importantes como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia, onde está concentrado um grande número de advogados. Até as 19h, Uchôa Lima tinha os votos dos seguintes Estados: AC, AM, MA, CE, RN, PB, PE, AL, DF, ES, MS, PR e RS. Zveiter tinha como certo a adesão do Mato Grosso do Sul, Estado que está representado em sua chapa. Mas um movimento de última hora de ex-presidentes da seccional virou a eleição. A oposição tinha os votos de SP, RJ, SC, MG, BA, SE, GO, TO, PA, RR e RO. A desproporção entre número de advogados em cada Estado e o peso dos votos decorre do sistema adotado na eleição, que é indireta. Os advogados escolhem os presidentes e conselheiros estaduais. Ao lado dos ex-presidentes, eles formam o colégio eleitoral que escolhe o presidente nacional. O total de conselheiros varia conforme o número de advogados em cada Estado. Independentemente do número de conselheiros, o resultado em cada Estado equivale a um voto. São Paulo, que tem o maior número de advogados do país, tem, por exemplo, o mesmo peso que o Acre na eleição. Texto Anterior: Gabeira pretende defender minorias Próximo Texto: Rio manterá irmão de Zveiter Índice |
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