São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995
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Bresser e servidores divergem sobre salário

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Administração e Reforma do Estado, Luiz Carlos Bresser Pereira, acertou com sindicatos de funcionários públicos que não se faz nenhuma negociação enquanto não houver acordo quanto aos números.
Para os sindicatos, os salários do funcionalismo perderam 40% na participação no orçamento do governo. Para Bresser, houve ganho real.
Como a fonte das informações é a mesma, a Secretaria do Tesouro, parece claro que as contas têm que chegar aos mesmos resultados.
Definido isso, Bresser se dispõe a negociar, mas com duas ressalvas. O ministro não quer fazer negociação coletiva, pois entende que a situação das diversas categorias do funcionalismo é muito diferente. Há categorias ganhando bem e outras com salários péssimos.
A segunda ressalva se refere ao tamanho das reivindicações. Bresser afirma que não vai conversar sobre "irracionalidades". E deu um exemplo: pedir 200% de reajuste salarial é irracional.
Os gastos do governo federal com pagamento de pessoal, incluindo ativos e inativos, subiram fortemente nos últimos dois anos, no período do governo Itamar.
Passaram de US$ 14 bilhões em 1992 para US$ 30 bilhões no ano passado.
Isso foi resultado da aplicação da isonomia e de reajustes especiais para diversas categorias.
No conjunto, pelas contas de Bresser Pereira, o funcionalismo teve ganho real de salário de 41% a 161%, conforme a categoria.
Mas para os sindicatos que já conversaram com Bresser, mesmo com o aumento de gastos o funcionalismo teve reduzida sua participação no orçamento.
Ou seja, os gastos com salários diminuíram em relação aos outros.
Bresser Pereira esteve negociando com representantes de nove sindicatos de funcionários, assessorados pela CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Os sindicalistas perguntaram também a Bresser sobre sua posição quanto à greve no serviço público. O ministro disse que não há o que discutir uma vez que o direito de greve está garantido na Constituição.
Mas, segundo Bresser, a greve no setor público deve ser tratado como no setor privado. Ou seja, não se pagam dias parados. Até aqui, o governo sempre pagou dias de greve.
O ministro também extinguiu alguns privilégios que julgou descabidos. Por exemplo, mandou fechar salas que sindicatos de funcionários tinham à disposição nas instalações do ministério.

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