São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995![]() |
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O Sebrae, segundo a Fiesp
LUÍS NASSIF O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Carlos Eduardo Moreira Ferreira, entra em contato com a coluna para expor sua versão sobre as recentes disputas pela presidência do Sebrae São Paulo:"Entrei como candidato por dever de ofício. Porque lá atrás, quando da constituição do novo Sebrae, houve um acordo firmado entre Mário Amato, então presidente da Fiesp, e Abram Szajman, da Federação do Comércio de São Paulo, pelo qual a cada quatro anos uma das federações indicaria o presidente da entidade estadual. Com base nesse acordo, Szajman foi eleito há quatro anos. E agora seria a vez da Fiesp". "Na última hora, Szajman não cumpriu com a palavra empenhada. Colocou-me em dificuldade muito grande perante meus pares, já que me competia cuidar pelo cumprimento do acordo firmado". "Jamais pensei em politizar o órgão. Julgo que a indicação de Mauro Durante para a presidência do Sebrae nacional, no meio de um conchavo político, foi um mal ao Sebrae e à classe empresarial. Minha idéia era, eleito, dar continuidade à gestão profissional do órgão, inclusive conservando o superintendente atual". "Mas aí sobreveio a politização, conduzida por Szajman e por Guilherme Afif Domingos. Afif há havia politizado a eleição para o Sebrae nacional, inclusive indicando Durante para a superintendência, num arreglo com o governo que lhe permitiu assumir a presidência do órgão. Havia se comprometido a não intervir na eleição paulista mas, aliado a Szajman, também resolveu politizar a eleição paulista. São ambos que têm pretensões políticas, não eu. Aliaram-se ao representante da comunidade científica para se perpetuarem no poder". "Afif e Szajman colocaram, inclusive, o superintendente estadual do Sebrae para cabalar votos, maculando a imagem de profissionalização do órgão". "Szajman chegou a impedir o voto do representante da Agricultura, sob a alegação de que ele chegara atrasado à votação. Foi uma atitude tão arbitrária que obtivemos liminar suspendendo a eleição". Há no relato de Moreira Ferreira uma acusação grave contra Abram Szajman. A de que ele assinou um acordo, deu sua palavra, depois descumpriu o acordado. Inclusive era esse acordo, segundo Moreira Ferreira, que garantia o pacto de não-politização do Sebrae nacional. O amadurecimento da vida pública nacional não é mera questão de regulamentos. Depende de procedimentos éticos, entre os quais a palavra empenhada é o mais relevante. O grande contrato social brasileiro, que se desenha nesse momento, passa pela recuperação da credibilidade da palavra pública. Caso contrário, perpetua-se o imediatismo, o oportunismo e a chicana. A coluna repete o que disse quando da eleição do Sebrae nacional: a politização irresponsável está emporcalhando uma grande instituição. Texto Anterior: Juros sobem nos EUA Próximo Texto: Entenda o fluxo do dinheiro Índice |
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