São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995
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Crise mexicana provoca fuga de US$ 1,919 bi em janeiro

GUSTAVO PATÚ; FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

FERNANDO GODINHO
Coordenador de Economia da Sucursal de Brasília
A crise mexicana provocou em janeiro deste ano a maior fuga de capital especulativo do Brasil desde fevereiro de 1990, véspera do Plano Collor —quando os investidores retiraram seu dinheiro com medo de um confisco dos recursos.
O Banco Central fechou dados ontem que apontam que US$ 1,919 bilhão em capital financeiro especulativo —de bolsas e aplicações, principalmente— deixou o país em janeiro. Em fevereiro de 90, a saída foi de US$ 1,974 bilhão.
Devido principalmente à fuga do dinheiro especulativo nos últimos dois meses, quando estourou a crise mexicana, as reservas em ouro e dólar do país caíram de US$ 42,8 bilhões em outubro —último número oficial— para US$ 38 bilhões, cálculo mais recente de técnicos do BC.
O porta-voz do Palácio do Planalto, embaixador Sérgio Amaral, disse à Folha que estes dados não preocupam o governo. "Ao retirar seus capitais do país, os especuladores depositam reais no BC, ajudando no controle da liquidez".
Amaral considera também que não há indicativos de que esta fuga de capital se repetirá nos próximos meses. "Caso isto venha a acontecer, aí sim poderemos nos preocupar", disse o embaixador.
A crise do México provocou uma insegurança generalizada entre os investidores internacionais quanto à estabilidade econômica dos países latino-americanos.
Até o início da crise, o plano mexicano de estabilização econômica era considerado um modelo.
Já em dezembro, início da crise mexicana, a saída de capital especulativo do Brasil registrou US$ 681,8 milhões. Como também houve déficit no movimento comercial de câmbio (exportações menos importações), a saída de recursos somou US$ 1,184 bilhão.
Foi o bastante para acender a luz de alerta no BC. Em janeiro, o governo tomou uma série de medidas de estímulo às exportações, que gerou saldo cambial comercial positivo em US$ 484,4 milhões —o primeiro desde outubro.
O resultado positivo no lado comercial do mercado de dólares diminuiu a saída de recursos estrangeiros do país em janeiro, que foi de US$ 1,434 bilhão. A reversão do movimento do capital financeiro é considerada mais difícil.

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