São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995
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O futebol paulista é o novo "homeless"

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, em São Paulo está o futebol "homeless", sem teto, ôôôps, sem estádio.

Igualzinho ao samba: meu sapato já furou e eu não tenho onde morar...

Logo o chamado futebol mais rico e mais moderno do país não tem estádio para se jogar bola. Pode?

A cada ano, uma nova desalegria.
Violência nas torcidas, regulamentos absurdos, calendários esdrúxulos (o futebol daqui precisaria adotar o ano embolístico —não lembra bola?— do calendário grego, aquele de 383 dias)...
Agora, a ausência absoluta de teatro, de arena, de palco, de estádio, de lar.

O menino de rua e o jogador de futebol ficam, outra vez, próximos. Ai, de nós.

Quando se falava na privatização ou na concessão do Pacaembu, o argumento dos favoráveis à manutenção do chamado próprio da municipalidade diziam que ele seria desviado do seu fim, o futebol.
E, agora, neguinho, como é que fica?

Com este "chove chuva chove sem parar" todo, como é que ficará o gramado do Pacaembu, no domingo, se as águas caudalosas voltarem a molhar São Paulo?

Olhaí, eu não deixei passar em branco (e preto), não.
É um desrespeito com o público, com o espetáculo, com os telespectadores e com os próprios jogadores o fato de Corinthians e XV de Piracicaba terem jogado com calções pretos.
Quando é que a Federação Paulista, que se diz tão moderninha, vai começar a fiscalizar este abuso?

O São Paulo, com dois novos bons reforços, poderá reforçar-se na liderança, este domingo. Resta saber onde.

A coisa está mais feia para o Palmeiras (que estréia Mancuso, com esquema tático de três volantes). Joga contra o Bragantino, lá, no sábado.
E depois pega o Guarani, na primeira rodada em meio de semana. Pegar o Gauarani, em qualquer estádio e em qualquer circunstância, não é bom negócio.

O Tatá (repórter Otavio Muniz), da Bandeirantes, em Piracicaba, descobriu o saco de pipoca a R$ 2.
Eu, na rua Javari, vi o saco de amendoim a R$ 3.
Pelo menos no preço dos serviços, o futebol brasileiro já ultrapassou os níveis do Primeiro Mundo.
No resto, a gente ainda chega lá. Tchau.

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