São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995
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Militar faz piada de Menem

FERNANDO CANZIAN
DO ENVIADO ESPECIAL

Erramos: 03/02/95
Militares concentrados no Comando Bélico de Operações do Equador em Papuca descansaram dos treinamentos na selva divertindo-se com piadas sobre o presidente argentino, Carlos Menem.
No Equador e em outros países, Menem tem fama de mulherengo e de se considerar um deus.
Numa piada, contada pelo porta-voz das Forças Armadas, Alberto Molina, Menem está à beira da morte e pede para ser enterrado no Santo Sepulcro, onde Jesus Cristo foi sepultado e de onde teria ressuscitado três dias depois.
Dizem a Menem que o preço do local é de US$ 100 milhões, ao que ele responde: É muito caro para ficar só três dias.
Em outra piada contada por um soldado, a atriz norte-americana Kim Basinger é apresentada a Menem e diz: Meu deus, como você é bonito. Eu sei, mas você pode me chamar de Carlito.
Apesar das piadas, poucos momentos de descontração são permitidos aos soldados na base encravada na selva. Os treinamentos têm sido intensos nos últimos dias.
Oficiais do Batalhão de Selva, formados pelos índios jibaros, dão instruções de como passar vários dias no meio da selva sem alimento, equipamento para cozinha ou até mesmo água.
Os jibaros usam betume de uma árvore da Amazônia para fazer fogo e são capazes de obter bebida dos cipós d'água, uma planta com grossas ramificações, de onde se pode retirar até dois copos de um líquido parecido com água.
Apesar da determinação em defender cada centímetro da região, o Equador tem equipamentos militares que remetem a imagens da Segunda Guerra Mundial.
Os aviões estacionados no aeroporto de Macas apresentam pinturas desgastadas e a conservação, aparentemente, é bastante precária.
Em Macas também não há veículos especiais para o transporte de equipamento ou munição. É comum ver quatro soldados fazendo força para carregar caixas de bala de fuzil e de artilharia antiaérea.
Para o transporte terrestre de soldados entre Macas e Papuca, os militares estão usando velhos ônibus e camionetes.
As Forças Armadas distribuíram nas cidades próximas ao conflito folhetos orientando a população para o caso de uma evacuação.
As recomendações são: o mínimo de roupas; lanterna e pilhas; comida enlatada; material para primeiros socorros; cobertores; e evitar fazer fogo ou fumaça.
(FCz)

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