São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 1995
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Luís Eduardo vence Genoino e pune PT

DANIEL BRAMATTI; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) vai comandar a Câmara nos próximos dois anos, no lugar de outro pefelista, Inocêncio Oliveira (PE).
Magalhães, aliado do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi eleito ontem presidente da Casa ao derrotar por 384 votos a 85 o deputado José Genoino (PT-SP).
A votação do candidato petista foi expressiva. A bancada do partido tem 49 parlamentares, e Genoino conseguiu mais 36 votos em bancadas de outros partidos (32 deputados votaram em branco).
Além de derrotado na disputa, o PT também ficou fora da composição da Mesa Diretora. Inocêncio Oliveira não permitiu a inscrição do deputado Paulo Paim (PT-RS) para disputar a 3ª secretaria. O PFL e Inocêncio condicionaram a participação do PT na Mesa à renúncia de Genoino.
A 3ª secretaria caberia ao PT pelo critério de proporcionalidade, no qual prevalece o tamanho das bancadas dos partidos. Com 49 deputados, é o quinto maior partido.
O PT recorreu à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara para garantir o cargo e estuda um mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal).
Em meio à polêmica, Inocêncio chegou a cortar o som do microfone do deputado Paulo Delgado (PT-MG), que reclamava dos critérios da Mesa. "Casso a palavra de vossa excelência", disse o pefelista, que foi aplaudido.
"A composição política se dá antes da disputa. Ou o PT aceita compor antes a chapa ou é briga", afirmou deputado Benito Gama (PFL-BA). A decisão do PFL acabou deixando o PT sem alternativa para a Mesa. "Essa é uma tentativa de dobrar a bancada do PT impondo que se abra mão do direito de divergência", afirmou o líder do PT, Jaques Wagner (BA).
O candidato Luís Eduardo, com a maioria dos votos, loteou os cargos entre os aliados. A vaga que caberia ao PT ficou para o PP, sexto maior partido. O PMDB, com a maior bancada, ficou com a primeira vice-presidência e com a quarta secretaria.
O critério de proporcionalidade na composição da Mesa é previsto na Constituição (parágrafo primeiro do artigo 58) e repetido no Regimento Interno (artigo 8).
"Na constituição das Mesas e de cada comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa", diz o texto constitucional.
A regra permite acordos políticos. Na eleição passada para a Mesa, o deputado do PMDB e atual ministro da Agricultura, Odacir Klein (RS), disputou a Presidência com Inocêncio Oliveira. Perdeu, mas o PMDB compôs a Mesa.
No discurso de defesa da sua candidatura, Luís Eduardo prometeu informatizar o processo legislativo, fixar com antecedência a ordem do dia e criar a Comissão Especial do Mercosul para fiscalizar os acordos entre o Brasil e os países vizinhos.
(Daniel Bramatti e Denise Madueño)

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