São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 1995
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Senado sugere processo contra Amorim ao STF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que tome as providências penais cabíveis, inclusive abertura de processo penal contra Ernandes Amorim (PDT-RO), quarto secretário da Mesa da Casa.
Sarney determinou ao seu primeiro vice-presidente, Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), que apure as denúncias existentes. Alguns senadores defendem que a Casa conceda licença para o processo.
Sarney tomou esta decisão com apoio dos demais membros da Mesa, após sugerir a Amorim que renunciasse ao cargo. O senador, que teve seu nome citado pela Enciclopédia Britânica como integrante de uma rede de narcotráfico, não concordou. Teve uma crise de hipertensão e foi hospitalizado.
Mais tarde, recuperado, Amorim retornou ao Senado e participou da reunião da Mesa que discutiria sua situação. Sarney e a maioria dos senadores ficaram surpresos com as as acusações.
O resultado da investigação de Teotônio será encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça para abertura de processo. A condenação pode levar à suspensão e até cassação do mandato.
Amorim foi eleito anteontem quarto secretário da Mesa com 71 votos, inclusive o do líder do PT, Eduardo Suplicy (SP).
"Eu votei na chapa do acordo. Ele foi indicado pelo PDT e eu não iria questionar a escolha", afirmou Suplicy, também surpreso com as denúncias. O PT pediu providências a Sarney e à Procuradoria-Geral da República.
Sarney tomou conhecimento das denúncias contra Amorim ao receber ofício do PSDB contendo a cópia da citação da Britânica e de recortes de jornais com acusações contra o senador.
Após a reunião, Sarney criticou a indicação de Amorim. "Eu não participei da elaboração da chapa. A negociação foi feita pelos líderes. E, nesta negociação, os líderes poderiam ter tido conversações mais profundas", disse.
Amorim também foi citado no relatório final da CPI do Narcotráfico, de 92. O documento diz que havia "provas evidentes do envolvimento" do então prefeito de Ariquemes (RO) com o tráfico.
Amorim disse ontem que não abre mão da quarta secretaria da Mesa por não ter "o rabo preso". Ele negou todas as acusações existentes contra ele.

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