São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ajuda ao México evita catástrofe, diz FMI

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Michel Camdessus, disse ontem em Washington que a crise econômica do México poderia ter deflagrado "uma verdadeira catástrofe financeira mundial".
Essa perspectiva foi a principal justificativa para o "pacote de dimensões excepcionais", de cerca de US$ 50,8 bilhões, montado pelos EUA e pelo FMI.
O FMI colocará US$ 7,8 bilhões à disposição do México na próxima segunda-feira. Outros US$ 10 bilhões serão coletados até junho junto a países de fora do Grupo dos Dez (mais ricos).
Camdessus deu a entender ontem que as ajudas de US$ 1 bilhão ao México prometida por Brasil, Argentina, Chile e Colômbia e de outro US$ 1 bilhão oferecida pelo Canadá serão incluídas nestes US$ 10 bilhões.
A decisão do Fundo provocou ressentimentos dos governos de pelo menos dois países —Alemanha e França— que reclamaram por não terem sido consultados antes do anúncio do pacote.
Mas ele admitiu que o excepcional auxílio ao México levanta a questão das quotas —as contribuições dos países-membros ao FMI— que terão de ser aumentadas antes do previsto para o Fundo recompor sua receita.
Perguntado se o Brasil ou outros países da América Latina poderiam vir a passar por situação similar à do México, Camdessus respondeu: "Ninguém está com problemas tão sérios quanto os mexicanos".
O diretor-gerente do FMI, no entanto, disse não poder garantir que crise semelhante não venha a ocorrer em algum outro lugar.
O México vai usar a maior parte desse dinheiro para pagar suas dívidas de curto prazo que vencem durante este ano: US$ 26 bilhões em bônus do Tesouro e US$ 15 bilhões em juros. Segundo Camdessus, apesar dos problemas, a economia mexicana está bem e o país vai apresentar crescimento do PNB de 1,5% ao final deste ano.
"Os fundamentos da economia mexicana são muito mais fortes hoje do que em 1982", ano em que o país decretou moratória de sua dívida externa.
Ontem, o Banco do México (banco central) informou que as reservas internacionais do país são de apenas US$ 3,48 bilhões, contra US$ 6, 15 bilhões no final de dezembro. Em março do ano passado, chegavam a US$ 24 bilhões.
O peso teve ligeira queda frente ao dólar norte-americano. Ontem, o dólar foi negociado nas principais casas de câmbio a 5,50 pesos, ante os 5,40 da véspera. A Bolsa de Valores mexicana fechou em queda de 2,70%.
O presidente mexicano Ernesto Zedillo anunciou ontem planos para estender a privatização das telecomunicações, portos e estradas.
Zedillo designará comissão para analisar a privatização do setor de telecomunicações e abrirá licitações para quatro dos maiores portos do país ainda este mês.

Texto Anterior: Lucro da White Martins sobe 30%
Próximo Texto: Deputados pedem anulação da ajuda
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.