São Paulo, sábado, 4 de fevereiro de 1995
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Ator diz estar "apavorado" com o diretor

DA REPORTAGEM LOCAL

Título: Don Juan
Autor: Otavio Frias Filho
Diretor: Gerald Thomas
Música: Michelle Dibucci
Elenco: Ney Latorraca, Fernanda Torres, Vera Zimmermann e a Cia. de Ópera Seca, com Luiz Damasceno, Ludoval Campos, Edilson Botelho, Eleonora Prado, Milena Milena e Marcos Azevedo
Quando: Quinta a sábado, às 21h; domingo, às 19h
Onde: Tuca (r. Monte Alegre, 1.024, Perdizes, tel. 65-0111)
Quanto: R$ 15,00 quinta, sexta e domingo; R$ 20,00 sábado

O encontro de Ney Latorraca com Gerald Thomas, na peça "Don Juan", não está fácil para o primeiro. O ator se diz "apavorado" ou "como se estivesse indo para a EAD fazer um exame", referindo-se à Escola de Arte Dramática, que cursou.
A forma de interpretação exigida pelo diretor e que está descrita no título de sua companhia, Ópera Seca, é o que "apavora" Ney Latorraca. "Está sendo muito difícil fazer", reconhece.
Para achar o caminho, ele se apóia no "pessoal da Ópera Seca", que descreve como "excelentes atores, que têm a coisa mais bonita do teatro, que é o artesanal". Eles apontam o que fazer, nos detalhes.
Não que ele tenha medo do diretor, ou, pelo menos, não é o que Ney Latorraca diz. "Estou completamente apaixonado por ele. Eu pensei que o... Faziam tanto gênero em volta dele, mas ele é um trabalhador do teatro. Ele emenda 24 horas, fez isso."
Mais, "eu sempre achei que ele era um montador de belos espetáculos, polêmicos, estéticos, muito bem iluminados. Não é só isso. Para chegar a isso, ele trabalha na essência. No meu caso, então, está uma coisa de dedinho. 'Conta até sete e mexe o dedinho'."
Apesar do "pavor" que diz sentir diante da forma de interpretação de Thomas, o ator não reclama, nem se arrepende. "Eu quero me exercitar, errar." Mas não só. "Ah, e brilhar também."

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