São Paulo, segunda-feira, 6 de fevereiro de 1995
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Troca de legenda desagrada eleitor

MAURICIO PULS
DA REDAÇÃO

O contrário ocorreu com os deputados que ficaram nos partidos de origem: dos 245 parlamentares que permaneceram em suas legendas, 160 (65,3%) foram reeleitos.
O levantamento abrange todos os deputados titulares eleitos em 1990 que disputaram a reeleição para a Câmara (360). A pesquisa não incluiu os suplentes que assumiram nem os deputados que se candidataram a outros cargos (como governador, senador).
Em média, a troca de legenda amplia em 45,2% a probabilidade do deputado não se reeleger. Embora a legislação partidária não possua dispositivos para restringir as mudanças de partido, o próprio eleitorado tende a excluir da Câmara os parlamentares infiéis.
A não-reeleição decorre do fato de que, ao trocar de legenda, o deputado perde os votos dos eleitores que se identificavam com seu partido de origem.
É possível notar que a diferença entre as taxas de reeleição dos deputados fiéis e infiéis (45,2%) corresponde aproximadamente à taxa de eleitores que afirmam ter preferência por algum partido.
Essa taxa variou de 48,0% em agosto de 1994 a 40,0% em dezembro do mesmo ano: a eleição se realizou em outubro, entre as duas pesquisas do Datafolha.
Essa tendência geral varia conforme as regiões do país. Na região Norte, a permanência no partido não possui qualquer influência positiva sobre a carreira do deputado: dos parlamentares que mudaram de legenda, 63,6% se reelegeram, contra 55,9% dos que ficaram em seus partidos.
Nas demais regiões, a mudança de partido diminui a reeleição. No Sudeste, 31,1% dos deputados que ficaram em seus partidos não se reelegeram, contra 41,7% dos que trocaram de legenda. A troca de legenda ampliou a probabilidade de não-reeleição em 34,1%.
No Sul, 46,1% dos deputados fiéis a seus partidos não se reelegeram, contra 66,7% dos que trocaram de legenda. No Nordeste, as taxas de não-reeleição foram de 30,8% (fiéis) e 52,4% (infiéis) e, no Centro-Oeste, de 23,5% (fiéis) e 63,6% (infiéis). Nesta região, a troca de legenda ampliou em 170,6% a probabilidade de não-reeleição.
(MP)

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