São Paulo, segunda-feira, 6 de fevereiro de 1995
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Estão procurando NBAlizar o futebol

Alterar é diferente de adulterar
NANDO REIS e MARCELO FROMER

NANDO REIS; MARCELO FROMER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Não tardou muito para que o óbvio entrasse em campo de gravata e paletó; sóbrio. Olhe que a Fifa ainda teve o bom senso de vetar o cartão azul antes que a coisa descambasse. Afinal, esse cartão foi criado com o único propósito de transformar o Bretão em Rollerball.
Este tipo de idéia nos remete aos bons tempos de infância, quando jogávamos nossas peladas em qualquer descampado disponível, com camisetas demarcando traves e linhas laterais.
A equipe mais forte desafiava seu fraco adversário contrariando uma das leis básicas do futebol; o placar.
"Tá bem, cinco de lambuja, só pra começar", avisava, arrogante, o Edmundo mirim.
Há um erro fundamental na questão referente à inserção de novidades dentro do futebol. Não é questão de puro conservadorismo, pois regras já vigentes como os três pontos para a vitória, a atrasada de bola proibida para os goleiros, são sim, adaptações positivas para a melhoria do espetáculo.
Mas que fique bem claro, que uma coisa é alterar, e outra um tanto diferente é adulterar. O que não dá pra aceitar são tentativas de NBAlizar o futebol.
O que há de tão errado com o futebol? Por que o Campeonato Espanhol, o Inglês, o Italiano e o Japonês têm incríveis médias de público e o nosso não? Aqui nós não temos nem mais aonde jogar e se discutem novas regras que, entre outras coisas, querem trazer de volta o torcedor para o estádio. Mas que estádio?
Nosso problema é mais embaixo, e nos desculpem o trocadilho, embaixo dos pés. Nossos maiores estádios não servem nem de pasto para jegue. Aí, vem um monte de gente defender essa tal parada de tempo. Isto não é nada mais nada menos do que a parada do tempo no próprio tempo. Segundo nosso presidente, e no caso nos referimos ao da Federação Paulista, as novas regras serão testadas e, se não vingarem, serão desprezadas no segundo turno.
E, já tomados de ira irreversível, damos agora o pontapé inicial para uma nova campanha nessa coluna, e obviamente contamos com sua colaboração através de carta para este caderno. A partir de hoje, se você tiver alguma idéia mais estúpida do que as que estão em vigor, gostaríamos imenso em conhecê-la. Esta campanha vale até o término do primeiro turno, e você de todo o Brasil deve e pode colaborar.
As frases escolhidas serão, primeiro, publicadas e, depois, enviadas à Federação, com a certeza de que serão estudadas com muito carinho e com grandes chances de serem efetivadas para o segundo turno. E como disse o Dalmo Pessoa "Futebol não se joga no Teatro". A frase-sugestão inaugural é de um amigo que, de antemão, soube da existência da campanha. Aguardamos suas sugestões.
"Sugiro que os goleiros usem fones de ouvidos para que seu treinador possa, antes que a bola atinja o alvo, acionar seu radinho de comunicação para indicar a seu pupilo a melhor forma de evitar o melhor momento do futebol: O gol." (Alberto Kuhimann - proprietário do Centro de Tênis Granja Viana)

Cartas devem ser enviadas à editoria de Esporte, à alameda Barão de Limeira, 425, 4º andar, CEP 01290-900

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